“O Pecado de Cluny Brown” terá comentários de Pierre Léon, cineasta homenageado; “Histórias que Nosso Cinema (não) Contava” vai ter participação da diretora Fernanda Pessoa, que também vai comentar “As Aventuras Amorosas de um Padeiro”, de Waldir Onofre

O terceiro dia de programação da 11a CineBH – Mostra de Cinema de Belo Horizonte tem como uma de suas principais atrações duas sessões dos Diálogos Históricos. Às 14 horas, no Cine Humberto Mauro, acontece a exibição da comédia “O Pecado de Cluny Brown” (1946), de Ernst Lubitsch, escolhido pelo cineasta homenageado deste ano, o francês Pierre Léon, como uma de suas referências. Logo depois da exibição, o realizador participa de um bate-papo com o público.

Mais à noite, acontece uma dobradinha dos Diálogos Históricos, também no Cine Humberto Mauro: às 19 horas tem “Histórias que Nosso Cinema (não) Contava”, de Fernanda Pessoa, documentário todo feito com imagens de filmes brasileiros dos anos 1970 que se vinculavam à chamada pornochanchada. Em seguida, às 21 horas, será exibido “As Aventuras Amorosas de um Padeiro”, filme de 1975 de Waldir Onofre e um dos títulos que aparecem no trabalho de Fernanda. A diretora estará nas duas sessões participando de conversas com os espectadores.

Homenagens ao passado do cinema também marcam presença na sessão dos Clássicos na Praça, às 19 horas, na Praça da Estação, com o suspense “Janela Indiscreta” (1954), de Alfred Hitchcock. O filme será precedido do curta-metragem mineiro “Fantasmas” (2011), de André Novais Oliveira, que dialoga, de maneira inusitada, com o longa de Hitchcock.

A retrospectiva de Pierre Léon tem seu segundo dia de programação com “Nissim dit Max” (2003), codirigido pelo irmão do cineasta, Vladimir Léon, no Cine 104. Já na Mostra Contemporânea, dois longas-metragens em pré-estreia nacional: às 17 horas, no Cine Humberto Mauro, “Uma Noiva de Shangai”, coprodução entre Argentina e China, com direção de Mauro Andrizzi; e às 19h30, no Cine Santa Tereza, o drama familiar “As Duas Irenes”, de Fábio Meira.

A quinta-feira é ainda dia de curtas-metragens, com sessões às 19 horas, no Cine 104, dentro da programação da mostra A Cidade em Movimento, seguida de uma roda de conversa com a temática A Cidade em Disputa e mediação da curadora Paula Kimo. Às 21 horas, no mesmo local, cinco curtas da Mostra Contemporânea encerram a noite.

Na sexta-feira, às 10 horas, no Sesi Museu de Artes e Ofícios, o público da CineBH poderá participar de um debate sobre a temática central desse ano: Cinema de Urgência: métodos, impasses, intervenções, com a presença de Douglas Duarte (cineasta), Francis Vogner (crítico e curador), Miguel Antunes Ramos (diretor) e Paula Kimo (pesquisadora e curadora).

ENCONTRO COM LÉON

Pierre Léon, diretor francês nascido na Rússia e grande homenageado dessa edição da CineBH, participou de um encontro com o público, no Museu de Artes e Ofícios, na tarde de quarta-feira, dia 23. Irreverente e muito dedicado a cada resposta, Léon discorreu sobre seu trabalho como cineasta, a experiência na crítica de cinema e o atual cenário da produção na França, entre vários outros assuntos.

Independente e singular mesmo entre os diretores mais indies de seu país, Léon se definiu como “um artista paralelo, e não marginal”. Contou que gasta pouco dinheiro com seus filmes, o que lhe permitiu fazer praticamente todos os projetos que quis, sempre com liberdade total nas escolhas. Ele constatou que essa forma de trabalhar o relevou a um lugar de menos visibilidade no disputado cenário audiovisual europeu, mas que sente orgulho de seus filmes e espera que eles sejam ainda vistos daqui a algumas décadas.

Léon falou ainda do fascínio que sente pela literatura russa, em especial os romances de Dostoévski, de quem adaptou alguns clássicos, como “O Idiota” e “O Adolescente”. “O que me intrigava era como transpor aquelas narrativas tão fixadas na realidade russa para o ambiente francês, que é onde eu vivo”, comentou. Entre suas decisões para isso, ele destacou a tentativa de absorver, ao máximo, os sentidos das histórias, sem forçar significados que não estivessem contidos lá.

Ainda na tarde de quarta, o Seminário Brasil CineMundi promoveu a mesa Experiências em Coprodução Internacional na América Latina, na qual Paulo de Carvalho (curador de festivais, produtor da Autentika Films e colaborador do programa Brasil CineMundi) conversou com profissionais do Brasil, Colômbia e Chile sobre as possibilidades de realizações conjuntas entre os países.

Rachel Daisy Ellis, produtora de “Ventos de Agosto” e “Boi Neon”, de Gabriel Mascaro, frisou a importância de se pensar o projeto como uma coprodução já desde a gênese, permitindo que se busque os parceiros adequados para cada perfil. “Você precisa de gente da mais alta confiança, pois irá lidar com orçamentos e imprevistos envolvendo mais de um país, ao longo, às vezes, de muitos anos”, alertou.

* TODA PROGRAMAÇÃO É OFERECIDA GRATUITAMENTE AO PÚBLICO

Foto: Beto Staino/Universo Producão