75 profissionais no centro de 26 debates com foco na temática " Territórios Regionais, inquietações históricas em três eixos centrais da programação - preservação, história e educação

No âmbito da programação 14ª CineOP – Mostra de Cinema de Ouro Preto, de 05 a 10 de junho, na cidade histórica mineira acontece o 14º Seminário do Cinema Brasileiro: Fatos e Memória que sedia o Encontro Nacional de Arquivos e Acervos Audiovisuais Brasileiros e o Encontro da Educação: X Fórum da Rede Kino – Rede Latino-Americana de Educação, Cinema e Audiovisual e os debates da Temática Histórica, reunindo mais de 200 profissionais de vários estados brasileiros e convidados internacionais. 

Os interessados em participar e receber certificação do Encontro Nacional de Arquivos e Acervos Audiovisuais Brasileiros e do Encontro da Educação: XI Fórum da Rede Kino – Rede Latino-Americana de Educação, Cinema e Audiovisual devem se inscrever até o dia 02 de junho pelo site do evento (www.cineop.com.br). As inscrições são gratuitas e as vagas limitadas. Os Encontros acontecem nos auditórios do Centro de Artes e Convenções, com inscrições gratuitas. 

Nesta edição, 75 profissionais do audiovisual, acadêmicos, pesquisadores, historiadores, críticos de cinema e convidados internacionais estarão no centro dos 26 debates, diálogos da preservação e educação, estudos de caso, apresentações de projetos educativos, workshop internacional com o propósito de gerar reflexões, troca de experiências, conhecimento, intercâmbio, cooperação entre os participantes.   

O tema central escolhido para a 14a CineOP, “Territórios regionais, inquietações históricas” norteará os debates e reflexões desta edição, sendo que na Temática Preservação o mote será  "A regionalização e a formação do patrimônio audiovisual brasileiro” e na Temática Educação, o foco será “Mulheres: terras e movimentos”. 

“Preservadores e educadores vêm buscando uma participação maior e mais ativa no que concerne ao diálogo com os pares, com a universidade, com a sociedade e com o Estado. A CineOP tem se colocado como um espaço privilegiado de valorização e aproximação de diferentes agentes da cadeia do audiovisual  e da educação visando unir e incentivar os trabalhos em comum, com vistas a avanços e mudanças significativas das duas áreas”, afirma a coordenadora do evento e diretora da Universo Produção, Raquel Hallak.

DEBATE INAUGURAL | TEMÁTICAS PRESERVAÇÃO, HISTÓRIA E EDUCAÇÃO 

Comum às três temáticas que compõem o evento, História, Educação e Preservação, o debate “Territórios regionais, inquietações históricas” inaugura o 14o Seminário do Cinema Brasileiro: fatos e memória que acontece no dia 7 de junho (quinta), das 10h às 12h e sedia o  14° Encontro Nacional de Arquivos e Acervos Audiovisuais Brasileiros e do Encontro da Educação: XI Fórum das Rede Kino. 

A proposta desta mesa é pensar a ideia de território e as novas perspectivas da história do cinema, do patrimônio audiovisual e da educação, entendendo como é possível, em um país de dimensões continentais, pensar as particularidades das regiões e dos territórios que compõem o Brasil. No centro dos debates estará Célia Xacriabá, professora e ativista do movimento indígena; Francis Vogner dos Reis, curador Temática Histórica; e os cineastas Lucas Parente e Vladimir Carvalho A mediação é  da curadora da Temática Educação, Clarisse Alvarenga

ENCONTRO NACIONAL DE ARQUIVOS E ACERVOS AUDIOVISUAIS BRASILEIROS 

O 14º Encontro Nacional de Arquivos terá como eixo de discussões “A regionalização e a formação do patrimônio audiovisual brasileiro”. A proposta é discutir a centralização e descentralização dos arquivos dentro do território nacional. Num país de proporções continentais como o Brasil, e numa época caracterizada por uma produção exacerbada de imagens digitais, onde estão ou serão guardados tantos materiais? Diante de um governo federal ainda nebuloso em relação a políticas de preservação, o que esperar do poder público? Quais os desafios enfrentados por instituições de salvaguarda que não estão no centro das ações do Estado? 

Nesta edição, serão realizados debates, workshops, e diálogos, buscando ampliar vozes e ações em defesa do patrimônio audiovisual brasileiro e, ao mesmo tempo, contribuir para a análise sobre os limites e as potencialidades do setor e, ainda, pretendem investigar a construção do território e da noção de “regional” numa perspectiva histórica. Entre as periferias e o centro do poder econômico, político e cultural, de que forma se quer e se pode construir um patrimônio audiovisual? 

A partir da temática “A regionalização e a formação do patrimônio audiovisual brasileiro”, serão realizados oito debates e um workshop internacional. No dia 7 de junho (sexta), as atividades começam às 14h30, com o tema “Ações e Políticas Regionais para a Preservação Audiovisual”. O objetivo será entender como a preservação audiovisual vem sendo enfrentada no país e que ações e políticas para a proteção e valorização do patrimônio audiovisual vêm sendo elaboradas e/ou implementadas nas diversas regiões. Para isto, estarão presentes Gabriel Portela, secretário municipal adjunto de Cultura de Belo Horizonte; a gestora cultural da SMC - Niterói Lia Baron; e a diretora geral da Funceb - BA, Renata Dias. A mediação será feita pela professora e pesquisadora Laura Bezerra

Das 16h45 às 18h30, o assunto será “A preservação audiovisual frente às tecnologias digitais”, que falará sobre os desafios da preservação neste momento de transformação tecnológica e de um cenário de rápida obsolescência dos suportes, softwares, hardwares e de todos os elementos da cadeia de produção e conservação de objetos e documentos digitais. Discutirão o tema a historiadora Beatriz Kushnir, diretora do Arquivo Geral da Cidade do Rio de Janeiro; Fábio Tsuzuki, sócio-fundador da Media Portal; Zé Maria, gerente do CEDOC da TV Cultura; e Erick Soares de Oliveira – Technology Expert - Sony Brasil, com mediação do Diretor Técnico da ABPA, Igor Calado

No dia 8 de junho (sábado), dois outros debates jogarão luz sobre questões fundamentais para a preservação. São eles “A regionalização e a preservação do cinema brasileiro”, das 10h às 12h30, com as presenças de Carlos Roberto de Souza, presidente da ABPA, professor e historiador; Luciana Araújo, professora e pesquisadora da UFSCAr; Lúcio Vilar, professor da UFPB; e Luís Rocha Melo, cineasta, professor e pesquisador da UFJF; com mediação da historiadora Alice Dubina Trusz

Das 14h30 às 16h30, será a vez de “Difusão do patrimônio audiovisual e formação de plateias regionais”, que abordará a questão da formação de público, um elemento fundamental na valorização do patrimônio audiovisual preservado em diferentes arquivos. Para isto estarão presentes Alexandre Sônego, coordenador do MIS - Campinas e pesquisador; Cristiane Senn, diretora do MIS – PR; Hernani Heffner, conservador-chefe da Cinemateca do MAM; e Marcus Mello, programador e crítico de cinema - Cinemateca Capitólio, com mediação de Antônio Laurindo, servidor do Arquivo Nacional e membro da diretoria da ABPA.

No dia 9 de junho (domingo), as atividades começam às 10h, com “O patrimônio audiovisual na produção contemporânea”, que tentará entender de que forma os produtores de hoje conseguem acessar os acervos audiovisuais de diversas instituições, quais os caminhos para um diálogo benéfico entre criadores e instituições de guarda e como os arquivos audiovisuais podem ser importantes para a criação de novas obras. Participarão do encontro os cineastas Claudia Nunes, Rodolfo Junqueira Fonseca e Sinai Sganzerla, com mediação de Lila Foster. 

Das 15h às 17h, o workshop internacional (com tradução simultânea) “Cinematecas regionais. O exemplo da Cinénathèque de Bretagne”, terá a presença da diretora da Instituição, Cécile Petit-Vallaud e mediação do curador José Quental. Criada em 1986, a Cinémathèque de Bretagne possui um dos acervos regionais mais importantes da França -  em particular de filmes amadores realizados na Bretanha e/ou por bretões. A proposta deste workshop é abordar a particularidade e a importância das estruturas regionais de conservação e valorização do patrimônio audiovisual na França. Serão abordados os desafios e caminhos para a efetivação e consolidação deste trabalho e o que pode se destacar de ações e exemplos para estimular iniciativas semelhantes no Brasil. 

Das 17h15 às 18h30, entram em pauta os estudos de casos relacionados a filmes em exibição na Mostra Preservação. No Case 1, o tema será o filme “Rio da Dúvida”, analisado por Hernani Heffner, conservador-chefe da Cinemateca do MAM; o cineasta Joel Pizzini; Mauro Domingues, arquivista e especialista em Preservação Audiovisual e Patrícia Civelli, diretora da Memória Civelli Produções e produtora de “Rio da Dúvida”. O Case 2 será “Canal Farkas”, com a presença de Tom Farkas, da Thomaz Farkas Estate; e mediação de Débora Butruce, vice-presidente da ABPA e preservadora audiovisual. 

Os estudos de caso continuam no dia 10 de junho (segunda), das 10h às 11h30, com “Dibrarq – Diretório Brasil de Arquivos”, com a técnica da equipe de Normalização, Cristina Ruth; “Brazilian Film and Video Preservation Project (BFVPP)”, com a gestora Clarisse Rivera; e a “Salvaguarda do Patrimônio Audiovisual: Ética, Princípios e Estratégia de Preservação”, com a apresentação da versão brasileira do guia da International Association of Sound and Audiovisual Archives (IASA) confeccionada de forma colaborativa por membros da ABPA, que será lançado nesta edição da CineOP. Para falar sobre o assunto, estará presente o embaixador da IASA, Marco Dreer. A mediação será de Igor Andrade, preservador audiovisual e Pesquisador do CTAv - Centro Técnico Audiovisual. 

O último debate da Temática Preservação acontece das 15h às 17h, sobre “A preservação audiovisual frente às tecnologias digitais – Estratégias de acesso”, tratando sobre como as plataformas de Vídeo sob demanda (VoD) e de streaming vêm contribuindo para o aumento da oferta de filmes do patrimônio audiovisual brasileiro nas novas plataformas de difusão e quais os cuidados necessários para a proteção das obras em seus suportes originais e também em seus suportes digitais. Falarão sobre o tema a gerente da SPCine, Letícia Santinon; a professora da FESPSPP, Fernanda Coelho; e o coordenador do Lupa-UFF, Rafael de Luna Freire, mediados pela Diretora de Comunicação da ABPA, Ariane Gervásio

ENCONTRO DA EDUCAÇÃO: XI FÓRUM DA REDE KINO 

No dia 7 de junho (sexta), das 14h30 às 16h30, o debate “Mulheres, Terras e Territórios” marca o início dos debates da Temática Educação. A abertura terá a presença de três mulheres fortes cujas vidas se confundem com a luta por territórios, sejam a terra onde nasceram ou o espaço no qual passaram a habitar. 

Como destaque, temos a presença de Mãe Efigênia. Ela nasceu em Ouro Preto, no Morro das Queimadas, e se tornou a grande matriarca do Quilombo Manzo Ngunzo Kaiango. A presença de Mãe Efigênia, liderança máxima da comunidade fundada por ela há cerca de 40 anos, marca seu retorno a sua terra de origem para onde ela vem trazer o conhecimento adquirido ao longo de uma vida dedicada à resistência. Ao lado dela, estarão duas mulheres indígenas, que têm se dedicado a formular a educação indígena pela qual vêem lutando. Sandra Benites defende uma educação em que o acesso ao conhecimento tradicional do povo Guarani seja o grande guia. Célia Xakriabá é militante em prol de uma educação territorializada, na qual a terra é o fundamento. Pretendemos interrogar sobre os sentidos da relação entre essas diferentes mulheres e o vínculo com a terra e sobre importância da relação que estabelecem com a terra para o campo da Educação e do Cinema. A mediação será de Clarisse Alvarenga. 

No dia 8 de junho (sábado), das 9h45 às 12h30, Alexia Melo, arte-educadora e realizadora audiovisual; Janaína Oliveira, pesquisadora e curadora; e Makota Kidoiale, coordenadora do projeto Kizomba; estarão sob mediação da pesquisadora Kassandra Muniz para falar sobre o tema “As mulheres negras e o cinema”.

Das 14h30 às 16h30, o debate “Cinema e Educação: Cooperações na América Latina” reunirá Clara Inés Suárez (CIART 5 - Festival Cine a La Vista | Argentina), Graciela Acerbi (Cineduca | Uruguai), Regina de Assis (TV Escola | RJ) e Solange Stecz (Educação audiovisual na formação de docentes | PR), mediadas pela professora e pesquisadora do grupo Mutum, Ana Lúcia Azevedo

No dia 9 de junho (domingo), as atividades começam a partir das 9h45, com o tema “As mulheres e a terra”, serão apresentados quatro projetos audiovisuais que buscam reflexões vivas sobre as relações que as mulheres estabelecem historicamente com a terra. Chamamos a atenção para a maneira como o cinema ocupa o lugar de mediador das relações das mulheres com a terra, o território ou simplesmente com o espaço ao seu redor. A coordenação do encontro será feita por Maria Leopoldina Pereira, coordenadora da Rede Kino. 

Das 14h45 às 16h45, o debate “As mulheres indígenas e o cinema” buscará entender como as visualidades das mulheres indígenas podem se fazer presentes no cinema e que processos educativos estão em andamento para possibilitar essa aproximação. Para isto, estarão presentes Luisa Elvira Belaunde, antropóloga, PPGAS/Museu Nacional/UFRJ; Mari Corrêa, cineasta e diretora do Instituto Catitu | SP; e Pará Yxapy, realizadora audiovisual indígena e professora na Aldeia Ko’enju | RS, sob mediação da antropóloga  Oiara Bonilla -  antropóloga | RJ.

 No dia 10 de junho (segunda), voltam à cena as apresentações de projetos audiovisuais educativos e debate, desta vez com o tema “Potência pedagógica das reflexões feministas e interseccionalidades (classe, gênero e raça)”, com projetos Audiovisuais Educativos orientados para refletir a partir de material cinematográfico específico sobre as relações de gênero em conjunto com as relações étnico-raciais e de classe. A escola como tempo (livre) e espaço (público) em que se experimenta, discute e se produz saberes com as mulheres e acerca de suas demandas específicas. 

Das 15h30 às 17h30, será a vez de “Um plano de cinema, um plano de aula”. A cineasta Dacia Ibiapina e a educadora Nilma Lino Gomes vão discorrer sobre a noção de “plano” no âmbito do cinema e do ensino: plano de aula como roteiro-guia do docente, que o liberta para formar o quadro, a imagem, o imprevisto, a síntese de seu olhar preparado, atento e sensível ao mundo; de outro lado, o plano de cinema como a unidade menor de sentido num filme, levando-o, no conjunto, a toda a sua potência. A mediadora será a curadora Clarisse Alvarenga.

 O encerramento das atividades do 14º Seminário do Cinema Brasileiro: fatos e memória, do 14º Encontro Nacional de Arquivos e do Encontro da Educação: XI Fórum da Rede Kino acontece no dia 10 de junho, às 19h, no Centro de Convenções. 

 

SOBRE A 14ª CINEOP

 Realizada na cidade patrimônio mundial da humanidade, a CineOP estrutura sua programação em três temáticas de atuação: Preservação, História e Educação, que convergem a cada edição em suas preocupações conjuntas para o aprofundamento de fatos históricos, do saber audiovisual e da preservação junto à sociedade brasileira. Preocupam-se com estratégias, instrumentos, agentes e políticas que viabilizem transformações necessárias a uma sociedade mais justa, ativa e preocupada com seu patrimônio humano, histórico, cultural e artístico. 

A temática central desta edição é “Territórios regionais, inquietações históricas”. O homenageado é o cineasta baiano Edgard Navarro. No ano em que o diretor completa 70 anos, seu filme mais paradigmático, Superoutro, atinge a marca de três décadas desde o lançamento e seu mais recente trabalho, Abaixo a Gravidade, ganha o circuito comercial. O momento é ideal para celebrar a liberdade e a iconoclastia de um artista como Navarro.