Último dia do evento conta com debates de filmes; na quinta-feira, diretores premiados na Aurora conversaram sobre importância e repercussão de seus filmes

Na cerimônia de encerramento da 20ª Mostra de Cinema de Tiradentes, na noite deste sábado, às 22h30, serão revelados os vencedores em seis categorias do evento, que levam o Troféu Barroco: melhor curta da Mostra Foco e melhor longa da Mostra Aurora pelo Júri da Crítica; o Prêmio Helena Ignez para um destaque feminino dos filmes das duas mostras, dado pelo Júri da Crítica; o Prêmio Carlos Reichenbach dado pelo Júri Jovem para o melhor título da Mostra Olhos Livres; e os prêmios do Júri Popular para um longa e um curta dentre os exibidos na programação. Antes da premiação, no Cine Tenda, será exibido A Cidade onde Envelheço, de Marília Rocha.

 Todo o dia de sábado segue vasto de programação, iniciando com a série Encontro com a Crítica, Diretor e Público no Cine Teatro. Às 10h, será debatido Guerra do Paraguay, com a presença do crítico José Geraldo Couto. Às 11h15, Corpo Delito será comentado pela jornalista Camila Vieira. Por fim, às 12h30, Eu não Sou Daqui tem bate-papo com o professor Cezar Migliorin.

 As sessões de cinema iniciam às 15h no Cine Tenda, com a Mostra Jovem, reunindo quatro curtas-metragens de realizadores iniciantes. No mesmo horário, no Cine Teatro, o Cine Debate exibe Sutis Interferências, de Paula Gaitán, que participa de bate-papo logo depois da sessão. Às 17h, de volta ao Cine Tenda, o documentário Entre os Homens de Bem acompanha o cotidiano do deputado federal Jean Wyllys. Os diretores Caio Cavechini e Carlos Juliano Barros participam de roda de conversa sobre o filme no Sesc Cine Lounge, às 19h.

 A Mostra Formação, às 18h no Cine Tenda, exibe quatro curtas realizados por estudantes. Às 20h, tem o documentário Guarnieri, sobre o ator e dramaturgo Gianfrancesco Guarnieri, no Cine BNDES na Praça. Logo depois, o diretor Francisco Guarnieri estará presente para uma conversa com o público.

 Fechando a noite, depois do encerramento, acontecem as performances multimídia de Sentidor e Reallejo, no Sesc Cine Lounge.

 NOSTALGIAS DA AURORA

Na tarde de quinta-feira, um encontro entre realizadores discutiu os dez anos da Mostra Aurora, seção do evento dedicado a longas-metragens de diretores em começo de carreira na função. O curador Cléber Eduardo detalhou todo o processo de concepção da Aurora e os acertos e ajustes ao longo da década. “Em 2007, eu sentia que muita coisa produzida no Brasil ficava à margem da margem – ou seja, não era exibida em nenhum festival de cinema, mesmo sendo filmes com expressividade”, disse. A Aurora se caracterizou por apresentar títulos de baixo orçamento, inventividade e inquietação.

 Bruno Safadi, o primeiro ganhador do Júri da Crítica na Aurora – com Meu Nome é Dindi, em 2008 –, contou que a participação e o troféu lhe deram projeção na mídia e ajudaram o filme a ganhar distribuição. Desde então, ele já soma outros cinco longas-metragens e diversos projetos coletivos e de televisão. “Tenho uma pulsão muito grande de criar, de fazer filmes mesmo sem ganhar edital. A importância da Aurora é que ela alimenta a todos nós, e a gente precisa de referenciais”, disse Safadi.

 Pedro Diógenes, um dos diretores de Estrada para Ythaca, produção cearense de 2010, também teve uma guinada de rumos e de repercussão com o prêmio. A produtora Alumbramento, que já tinha uma trajetória em andamento, tornou-se mais conhecida no meio audiovisual e virou referência de um cinema de coletivos e de militância estética. “Ythaca foi uma aposta radical que a gente não sabia se ia mesmo existir até o último instante. A Aurora já era nosso sonho e também o que a gente achava ser a única possibilidade de o filme ser exibido”, comentou Diógenes.

 Diretor de Mais do que eu Possa me Reconhecer (2015), Allan Ribeiro apontou a Aurora como a consolidação de um espaço ideal no calendário audiovisual brasileiro para filmes inquietos e arriscados. Ao seu lado, Tiago Mata Machado, de Os Residentes (2011), refletiu o quanto os trabalhos de cada um se alteram nos contextos nos quais surgem. “É impressionante como algumas coisas que fazemos nos filmes mudam muito rápido de sentido”, disse, referindo-se a cenários políticos e sociais que “atualizam” vários dos filmes mesmo que isso não tenha sido previsto na preparação do projeto.