Júri Popular e Júri da Crítica premia longas, médias e curtas-metragens na terceira edição do festival internacional
O Arquivo em Cartaz – Festival Internacional de Cinema de Arquivo chegou à sua terceira edição consolidando-se como um dos mais importantes eventos do país dedicado à memória cinematográfica nacional e ao cinema de arquivo. O Festival incentiva a formação, o diálogo, a utilização de imagens de arquivo como fonte de inspiração artística e conhecimento científico em dois espaços – Arquivo Nacional, no Centro do Rio de Janeiro, e a partir de hoje até o dia 13 de dezembro, no Cine Arte UFF, em Niterói.
"O Arquivo em Cartaz integra as comemorações do 180 anos do Arquivo Nacional, reafirma a sua vocação de incentivar e difundir o patrimônio audiovisual, contribuindo para a preservação e recuperação da memória cinematográfica brasileira. o conjunto de imagens em movimento do nosso acervo possui expressivos registros da história e da cultura brasileira. Esta edição projeta o Arquivo Nacional como lugar de preservação técnica e difusão audiovisual, mostrando que essa instituição também é lugar de promoção de cinema", destaca a diretora-geral do Arquivo Nacional, Carolina Chaves de Azevedo.
Em 2017, a programação do Arquivo em Cartaz contou com 78 filmes nacionais e internacionais - 46 curtas, 18 médias e 14 longas-metragens, 29 sessões de cinema, em pré-estreias e retrospectivas, mostras temáticas e competitivas, e ainda, duas exposições, uma master class, um workshop e quatro oficinas. Além disso, o festival realizou debates com foco na memória, preservação e patrimônio cinematográfico. Reuniu públicos diversificados, como realizadores, jovens em idade escolar, pesquisadores, técnicos do audiovisual e amantes do cinema.
Buscando dar visibilidade e estimular a pesquisa, o acesso e utilização de imagens de arquivo em novas produções, o festival promoveu a Mostra Competitiva e a Mostra Oficina Lanterna Mágica. Os filmes vencedores foram premiados com o Troféu Batoque, batizado com o nome do artefato em torno do qual a película é enrolada, que lhe confere forma e sustentação, símbolo da preservação dos filmes. Além, do Batoque, os ganhadores nas categorias de Melhor Filme (longa, média, curta e Lanterna Mágica) eleitos pelo júri oficial serão contemplados também com até 10 minutos de imagens em movimento do acervo do Arquivo Nacional. A categoria de Melhor Uso de Imagem de Arquivo ganha o prêmio batizado de Jurandyr Noronha, homenagem a esta personalidade que dedicou sua longa vida ao cinema. O CTAv, parceiro do evento, premia o Melhor Curta-Metragem com serviços de mixagem de som ou empréstimo de câmera.
“A Mostra Competitiva do Arquivo em Cartaz reafirma, mais uma vez, o potencial da utilização de materiais de arquivo na realização de obras cinematográficas. São arquivos públicos e acervos privados sendo reutilizados e ressignificados em novas produções. A premiação dos ganhadores com minutos de imagens em movimento do Arquivo Nacional busca justamente estimular que novos filmes continuem sendo realizados a partir desses materiais”, ressalta Mariana Monteiro, coordenadora da Mostra Competitiva.
Confira os vencedores em cada categoria:
MOSTRA COMPETITIVA:
MELHOR LONGA: TORQUATO NETO - TODAS AS HORAS DO FIM, EDUARDO ADES E MARCUS FERNANDO (RJ)
MELHOR MÉDIA: RADIOVIZIJA, GREGOR ZUPANC, MILO TOMIĆ, JELENA MILUNOVIĆ e IGOR SIMIĆ (SÉRIVA)
MELHOR CURTA: LAURA, TÂNIA DINIS (PORTUGAL)
MELHOR DIREÇÃO: ABISSAL, ARTHUR LEITE (CE)
MELHOR ROTEIRO: TORQUATO NETO - TODAS AS HORAS DO FIM, EDUARDO ADES E MARCUS FERNANDO (RJ)
MELHOR EDIÇÃO DE IMAGEM: REI, DE ALCEU FRANÇA (RJ)
MELHOR PESQUISA: DIVINA LUZ, RICARDO SÁ (ES)
MELHOR USO DE MATERIAL DE ARQUIVO: FESTEJO MUITO PESSOAL, CARLOS ADRIANO (SP)
MELHOR FILME – JÚRI POPULAR: TORQUATO NETO - TODAS AS HORAS DO FIM, EDUARDO ADES E MARCUS FERNANDO (RJ)
MOSTRA OFICINA LANTERNA MÁGICA:
MELHOR FILME – JÚRI OFICIAL: ODISSEU, CRIS MIRANDA, GABRIELA CAPPER E MONICA KLEMZ (RJ)
MELHOR FILME – JÚRI POPULAR: BELA, RECATADA E DO LAR, CREUZA GRAVINA E LUCIANA DIAS (RJ)
Grandes vencedores da noite, os diretores de Torquato Neto – Todas as Horas do Fim, Eduardo Ades e Marcus Fernando, comemoram: “É uma alegria ganhar três prêmios - júri popular, melhor longa e roteiro - em um evento tão bonito. O Arquivo Nacional é uma instituição de extrema relevância por guardar e oferecer um acervo tão rico para nós que trabalhamos com audiovisual, e ter um festival de cinema de arquivo que premie quem faz uso desse material é muito importante”.
RETROSPECTIVA
O Arquivo em Cartaz teve início na segunda, 08 de dezembro, com uma programação plural e gratuita. O festival contou com 29 sessões de cinema, divididas nove mostras temáticas: Mostra Homenagem, Mostra Acervos, Mostra Competitiva, Mostra Cinema no Pátio, Mostra Arquivo N, Mostra Arquivo Faz Escola, Mostra Arquivos do Amanhã, Mostra Oficina Lanterna Mágica e Sessão Temática, cada uma delas com conceito próprio. A agenda do evento incluiu ainda oficinas, master class e debates. As atividades foram sediadas no Arquivo Nacional.
Em 2017, o Festival homenageou o cineasta e pesquisador Clovis Molinari Jr. e o Centro de Pesquisadores do Cinema Brasileiro – CPCB. Por isso, a Mostra Homenagem foi dividida em duas sub-mostras: Mostra Homenagem Clovis Molinari Jr, que exibiu na abertura do evento, no dia 08 de dezembro, no Cine-Pátio, o curta “Praia do Flamengo, 132”. No dia 10 de dezembro, no Cine Arte UFF, o público irá conferir uma sessão especial com nove curtas do homenageado. São eles: “O Super 8”, “Cacos”; “A Art-Pop de Rudi Santos”, “O Experimentalismo de José Araripe Jr.”, “Parada de Lucas”e “Tryler/Trailer/Trilha - Jorge Mourão o Radical Livre do Super 8” – dirigidos por Clovis Molinari Jr; além de “A Gaiata Ciência” (produção coordenada por Clovis Molinari Jr.), “Lissergia” (direção: Clovis Molinari Jr, Rosanna Peres Posa e Leonardo Coutada) e “A Degola Fatal” (direção: Clovis Molinari Jr e Ricardo Favilla). E a Mostra Homenagem CPCB, que abriu a programação do Arquivo em Cartaz no Cine Arte UFF, no dia 08 de dezembro, com a exibição do longa “O Homem que Virou Suco”, de João Batista de Andrade. No dia 09/12, será exibido “A Hora da Estrela”, de Suzana Amaral – ambas as cópias restauradas pelo CPCB.
A Mostra Acervos, um dos pilares centrais do Arquivo em Cartaz, é realizada em parceria com outras instituições de guarda - Centro Técnico Audiovisual do Ministério da Cultura (CTAV/SAV/MINC), Cinemateca do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro – MAM, Casa de Oswaldo Cruz/Fiocruz e Arquivo Memoria da Cineteca Nacional do México. Foram exibidos na noite de abertura no Cine-Pátio cinco curtas-metragens: “Um filme para chamar de seu”, “Família Camargo Fernandes”, “[Família Alberto de Sampaio]”, “Família Carlos Chagas Filho: Cenas do Cotidiano” e “El Hombre Araña contra Los Rateros”. A seleção trouxe produções sob guarda de instituições científicas, educacionais e arquivísticas, com o objetivo de aproximar o público dos acervos e contribuir para a difusão de filmes antigos e películas restauradas.
Pelo segundo ano consecutivo, o Arquivo em Cartaz contou com a Mostra Arquivo N, promovida em parceria com a GloboNews. A mostra promoveu a exibição das produções da jornalista Luciana Savaget - “Flávio Cavalcanti era campeão de audiência nos anos 70”; “Os 65 anos da Lei Afonso Arinos: um marco contra o racismo”; e “Os 15 anos da Morte de Cássia Eller. Todas as sessões aconteceram no Cine-Teatro do Arquivo Nacional.
A Mostra Cinema no Pátio, realizada em um cinema especialmente montado no pátio do Arquivo Nacional, recebeu os longas “Todos os Paulos do Mundo”, de Gustavo Ribeiro e Rodrigo de Oliveira, com a trajetória do ator, diretor e roteirista Paulo José; “Silêncio no Estúdio”, de Emília Silveira, com a história da jornalista, escritora e poeta Edna Savaget, precursora dos primeiros programas femininos da TV brasileira; e “Clara Estrela”, de Susanna Lira, documentário sobre a cantora Clara Nunes. Também foram exibidos os médias “Tutti Tutti Buona Gente, Propriamente Buona” e “Bondinho de Santa Tereza”, ambos de Orlando Bomfim, netto.
A Mostra Arquivo Faz Escola exibiu três filmes, no Cine-Teatro: “Educação”, de Isaac Pipano e Cezar Migliorin; “Deixa na régua”, de Emilio Rodrigues; e “Intolerância.doc”, de Susanna Lira. As produções selecionadas buscaram chamar a atenção do público escolar para a importância da preservação da memória cinematográfica e da cultura brasileira, promover a utilização do cinema como uma ferramenta de aprendizado e despertar o interesse pela produção nacional.
Quatorze curtas produzidos por jovens em contexto escolar foram exibidos no Cine-Teatro na Mostra Arquivos do Amanhã. A iniciativa busca incentivar a produção de registros audiovisuais a partir do ponto de vista de crianças e adolescentes a partir da documentação de fatos, lugares e tradições significativas de seu tempo, servindo de memória para os arquivos futuros.
A Mostra Oficina Lanterna Mágica, fruto da oficina ministrada pelo cineasta Joel Pizzini, apresentou para o público sete curta-metragens, todos produtos da ação formativa e que competiram entre si nas categorias Júri Popular e Júri Oficial: “Memórias, Afetos” (HorsConcours), de Everaldo Rocha, Leandro Hunstock e Simone Mourão; “Bela, recatada e do lar”, de Creuza Gravina e Luciana Dias; “Ciranda”, de Fabiana Melo Sousa, Fernanda Cavalcanti de Mello e Maria Eugênia Duarte Cunha Freitas;“Imagens por vir”, de Diego Quinderé, Fernanda R. Miranda e Juliana Ludolf;“Odisseu”, de Cris Miranda, Gabriela Capper e Monica Klemz;“A personificação oculta”, de Leonardo Moreira; e “24 (Vinte e quatro) pestanas queimadas”, de Tetsuya Maruyama.
O Arquivo em Cartaz promoverá ainda no Cine Arte UFF, duas Sessões Temáticas. Na segunda-feira, o público irá conferir o longa “Desarquivando Alice Gonzaga”, de Betse de Paula, que revisita uma parte importante da história do cinema brasileiro a partir da vida e da obra de Alice Gonzaga, filha de Adhemar Gonzaga, fundador da Cinédia. Na sequência, no dia 12/12, será exibido o documentário “No Intenso Agora” do cineasta João Moreira Salles. Feito a partir imagens de arquivo, o filme revela não só o estado de espírito das pessoas filmadas, como a relação entre registro e circunstância política.
DEBATES, OFICINAS E MASTER CLASS
Quatro debates marcaram a edição 2017 do Arquivo em Cartaz, todos eles integrados às temáticas abordadas pelo evento, como a valorização dos filmes de família e amadores e os desafios da preservação audiovisual.
O primeiro deles, “Filmes de Família, Cinema Doméstico e Cinema Amador: Questões conceituais, produção e usos”, aprofundou a temática deste ano. Contou com a participação da professora de Cinema da PUC-Rio, Patricia Machado; a coordenadora do Núcleo de Audiovisual e Documentário do CPDOC/FGV do Rio, Thais Blank; e o homenageado Clovis Molinari Jr., com mediação do coordenador geral de acesso e difusão documental do Arquivo Nacional, Christiano Cantarino.
O tema “Por dentro dos arquivos – Desafios para a gestão, preservação e acesso aos acervos audiovisuais”, foi mediado por Adriana Cox Hollós, coordenadora geral de processamento técnico e preservação do Acervo do Arquivo Nacional. Participaram do debate Hernani Heffner, curador-adjunto da Cinemateca do MAM; Eduardo Toledo, do Centro Técnico Audiovisual (CTAv) e Myrna Brandão, presidente do Centro de Pesquisadores do Cinema Brasileiro (CPCB), entidade homenageada nesta edição.
O Arquivo em Cartaz recebeu ainda o “Com a palavra o usuário – Encontro de Pesquisadores de Audiovisual”, com os pesquisadores Antonio Venancio, Maria Byington, Patricia Pamplona e Remier Lion, mediados peã editora da revista Arquivo em Cartaz, Viviane Gouvea.
A “Oficina Lanterna Mágica”, criada para ser um laboratório de experimentação sobre forma e conteúdo na realização de filmes com imagens de arquivo, também foi tema de um bate-papo sobre a experiência com a participação do orientador Joel Pizzini e do grupo de alunos.
Outras ações formativas, dentre oficinas, master class e workshop, receberam grande destaque, com a oferta de 186 vagas. Sérgio Branco ministrou o workshop “Uso de Documentos de Arquivo em Obras Audiovisuais: Questões Jurídicas”. O produtor e montador Marcelo Pedrazzi, ministrou a master class “Digitalização de Filmes de Arquivo”. Conservação na teoria e na prática nortearam as quatro oficinas: “Noções básicas de conservação de películas cinematográficas”,com Mauro Domingues, coordenador geral de Processamento e Preservação de Acervo do Arquivo Nacional; “Noções básicas de conservação de documentos fotográficos”, ministrada por Cristiane Torrão Pinto, supervisora da equipe de conservação de fotografia do Arquivo Nacional; “Noções Básicas de Conservação de Documentos Magnéticos”, orientada por Marco Dreer Buarque, especialista em preservação sonora e audiovisual; e “Oficina Lanterna Mágica”, ministrada pelo cineasta Joel Pizzini.
EXPOSIÇÕES
Duas exposições integraram a programação do Arquivo em Cartaz: Itinerários Indígenas e a videoinstalação Memórias Afetivas, que ofereceu a oportunidade de resgatar memórias afetivas por meio da digitalização de fitas VHS e da exibição dos registros em uma videoinstalação durante o festival.
PROGRAMAÇÃO CONTINUA NO CINE ARTE UFF, EM NITERÓI
O Arquivo em Cartaz conclui suas atividades na sexta, 08/12, no Arquivo Nacional e iniciou, no mesmo dia, suas sessões diárias no Cine Arte UFF, onde fica até o dia 13/12. Lá serão exibidos os filmes da Mostra Homenagem CPCB –“O Homem Que Virou Suco”, “A Hora Da Estrela”; nove curtas na Mostra Homenagem Clovis Molinari Jr.; as sessões temáticas com os filmes “Desarquivando Alice Gonzaga”, de Betse de Paula, e “No Intenso Agora”, de João Moreira Salles; e “Torquato Neto - Todas As Horas Do Fim”, Eduardo Ades e Marcus Fernando, longa vencedor da Mostra Competitiva eleito pelo júri oficial, concluindo as ações do festival na quarta-feira, dia 13/12. Todas as sessões no Cine Arte UFF são às 21h, com entrada franca.