De 4 a 13 de dezembro, Rio de Janeiro e Niterói recebem a terceira edição do Festival Internacional de Cinema de Arquivo; evento vai exibir filmes nacionais e internacionais, além de homenagear o historiador e pesquisador Clovis Molinari Jr. e o Centro de Pesquisadores do Cinema Brasileiro (CPCB)
O Arquivo em Cartaz – Festival Internacional de Cinema de Arquivo chega a sua terceira edição de 4 a 13 de dezembro, no Rio de Janeiro e em Niterói e apresenta ao público 78 títulos - 46 curtas, 18 médias e 14 longas-metragens, em pré-estreias, retrospectivas, mostras temáticas e competitivas. O evento terá como norte “Os filmes de família, caseiros e amadores” e mostrará a construção da sociedade e da memória brasileira, a partir da exibição de filmes feitos em ambientes privados. Serão 10 dias de programação intensa e gratuita que inclui também homenagens, debates, master class, exposição, encontros e diálogos do audiovisual.
Realizado pelo Arquivo Nacional em parceria com a Universo Produção e o Instituto Universo Cultural, o festival tem como objetivo promover a difusão do patrimônio audiovisual, contribuindo para a preservação e recuperação da memória cinematográfica brasileira. Seu principal intuito é divulgar e incentivar a realização de filmes produzidos com imagens de arquivo, exibir películas restauradas, além de oferecer oficinas dedicadas a preservação e tratamento de arquivos cinematográficos, como uma ferramenta de indiscutível importância na salvaguarda da memória audiovisual brasileira. O evento ocupa dois espaços: Arquivo Nacional (Cine Pátio – 400 lugares e Cine-Teatro – 150 lugares), na cidade do Rio de Janeiro; e Cine Arte UFF (290 lugares), em Niterói.
“O Arquivo em Cartaz representa uma ferramenta importante de difusão e discussão da memória cinematográfica - um espaço em favor da preservação da identidade sociocultural do nosso país que valoriza a reinvenção e recriação de filmes a partir de imagens de arquivo”, ressalta a diretora da Universo Produção, Raquel Hallak.
“É importante destacar que os registros audiovisuais só são plenamente compreensíveis quando colocados em um aparato tecnológico para sua reprodução. O problema é que existe, em virtude da ausência e obsolescência desses aparatos, uma grande dificuldade em se reproduzir películas cinematográficas e/ou fitas videomagnéticas. Com o desconhecimento do conteúdo e deterioração dos suportes, registros valiosos podem ter como destino o lixo ou, na melhor das hipóteses, uma feira de antiguidades. Diferente de um filme comercial, com cópias distribuídas por centenas de salas de cinema, o filme doméstico é único. Desde o ponto de vista do artefato, no qual imagens e sons estão impressas, até no modo de usar a câmera e filmar eventos do âmbito privado, como passeios, festas, casamentos, viagens e batizados”, explica o curador da mostra, Antônio Laurindo.
HOMENAGENS E ABERTURA
Mantendo a tradição, a noite de abertura do Arquivo em Cartaz será marcada por importantes homenagens ao cinema nacional. A cerimônia acontece no dia 4 de dezembro, a partir das 19h30, no Cine-Pátio do Arquivo Nacional, com a entrega do Troféu Batoque para os escolhidos desta edição: o historiador, pesquisador, produtor cultural e realizador de filmes e vídeos, Clovis Molinari Jr., e o Centro de Pesquisadores do Cinema Brasileiro (CPCB), entidade sem fins lucrativos fundada em 1978 e que tem entre os seus objetivos o estímulo à pesquisa e à preservação fílmica do cinema brasileiro.
Na sequência serão exibidos seis curtas, incluindo um documentário da Mostra Homenagem, que vai reunir produções de Clovis Molinari Jr. e filmes restaurados pelo CPCB; além dos registros que integram a Mostra Acervos, que, realizada em parceria com outras instituições de guarda, tem o objetivo de difundir e valorizar o acervo das mesmas.
São eles: “Praia do Flamengo, 132”, documentário dirigido por Clovis Molinari Jr. em 1980 que faz registro do conturbado processo de demolição do imóvel da antiga sede da União Nacional dos Estudantes (UNE), instituição que completa 80 décadas este ano; “Um filme para chamar de seu”, de 2017, de Ana Moreira com realização do Arquivo Nacional; “Família Camargo Fernandes”, de 1929, que pertence ao Centro Técnico Audiovisual do Ministério da Cultura (CTAv/SAV/MinC); “[Família Alberto de Sampaio]”, de 1929-1930, da Cinemateca do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM); “Família Carlos Chagas Filho: Cenas do Cotidiano”, da Casa de Oswaldo Cruz/Fiocruz; e o mexicano “Em Hombre Araña Contra Los Rateros”, de 1978, que integra asas coleções do Arquivo Memória da Cineteca Nacional do México.
Durante a abertura, será lançada ainda a 3a edição da revista Arquivo em Cartaz, que tem como proposta principal trazer reflexões, artigos e ensaios inéditos sobre a preservação do patrimônio cinematográfico mundial e a memória do cinema brasileiro. Com textos de pesquisadores, acadêmicos, profissionais e personalidades do universo audiovisual, a publicação dará um destaque especial aos homenageados e temas abordados no evento.
FILMES E MOSTRAS TEMÁTICAS
A programação do Arquivo em Cartaz conta com nove mostras temáticas: Mostra Homenagem, Mostra Acervos, Mostra Competitiva, Mostra Cinema no Pátio, Mostra Arquivo N, Mostra Arquivo Faz Escola, Mostra Arquivos do Amanhã, Mostra Oficina Lanterna Mágica e Sessão Temática, cada uma delas com conceito próprio.
A Mostra Competitiva, que tem início em 5 de dezembro, tem o propósito de valorizar as mais recentes produções cinematográficas que utilizam material de arquivo e ser instrumento de reflexão sobre as múltiplas possibilidades de (re)utilização dos arquivos de filmes. Foram escolhidas 26 produções (5 longas, 10 médias e 11 curtas), de seis países: Argentina, Brasil, Bulgária, México, Portugal e Sérvia. As sessões acontecem no Cine-Teatro instalado no auditório do Arquivo Nacional. Os vencedores da Mostra Competitiva serão agraciados com o Prêmio Batoque na cerimônia de encerramento do evento, agendada para o dia 8 de dezembro (sexta), às 19h30, no Cine-Pátio, no Arquivo Nacional (confira a lista dos concorrentes abaixo).
Na Mostra Cinema no Pátio, realizada em um cinema especialmente montado no pátio do Arquivo Nacional, serão projetados, sempre às 19h30, os longas “Todos os Paulos do Mundo”, de Gustavo Ribeiro e Rodrigo de Oliveira, que recupera a trajetória de Paulo José, um dos maiores atores do país, no ano em que completa 80 anos de vida; “Silêncio no Estúdio”, de Emília Silveira, relembrando a história de Edna Savaget, precursora dos primeiros programas femininos da TV brasileira, escritora e poeta; e Clara Estrela, de Susanna Lira, documentário sobre a cantora Clara Nunes. Também serão exibidos os médias “Tutti TuttiBuona Gente, Propriamente Buona”, e “Bondinho de Santa Tereza”, ambos de Orlando Bomfim, netto.
Na Mostra Arquivo N, em parceria com a GloboNews e com produções da jornalista Luciana Savaget, serão exibidos “Flávio Cavalcanti era campeão de audiência nos anos 70”, que conta a história do apresentador, cujo jeito polêmico virou marca e o alçou ao patamar de estrela; “Os 65 anos da Lei Afonso Arinos: um marco contra o racismo”, sobre a primeira norma brasileira a transformar a discriminação racial em crime, em 1951; e “Os 15 anos da Morte de Cássia Eller”, que traz cenas icônicas da cantora. Todas as sessões serão no Cine-Teatro do Arquivo Nacional.
A Mostra Arquivo Faz Escola tem por objetivo chamar a atenção do público escolar para a importância da preservação da memória cinematográfica e da cultura brasileira, assim como promover a utilização do cinema como uma ferramenta de aprendizado e despertar o interesse pela produção nacional. Para isso serão exibidos três filmes, sempre às 9h, no Cine-Teatro do Arquivo Nacional: “Educação”, de Isaac Pipano e Cezar Migliorin; “Deixa na régua”, de Emilio Rodrigues; e “Intolerância.doc”, de Susanna Lira.
Já a Mostra Arquivos do Amanhã, que apresenta curtas produzidos por jovens em contexto escolar, propõe incentivar a produção de registros audiovisuais a partir do ponto de vista de crianças e adolescentes a partir da documentação de fatos, lugares e tradições significativas de seu tempo, servindo de memória para os arquivos futuros. Serão 14 produções, todas exibidas no dia 8 de dezembro, a partir das 10h30, no Cine-Teatro do Arquivo Nacional.
A Mostra Oficina Lanterna Mágica, fruto da oficina ministrada pelo cineasta Joel Pizzini, levará ao público sete curta-metragens: “Memórias, Afetos” (HorsConcours), de Everaldo Rocha, Leandro Hunstock e Simone Mourão; “Bela, recatada e do lar”, de Creuza Gravina e Luciana Dias; “Ciranda”, de Fabiana Melo Sousa, Fernanda Cavalcanti de Mello e Maria Eugênia Duarte Cunha Freitas;“Imagens por vir”, de Diego Quinderé, Fernanda R. Miranda e Juliana Ludolf;“Odisseu”, de Cris Miranda, Gabriela Capper e Monica Klemz;“A personificação oculta”, de Leonardo Moreira; e “24 (Vinte e quatro) pestanas queimadas”, de Tetsuya Maruyama.
DEBATES
A programação do Arquivo em Cartaz conta ainda com a realização de quatro debates. O primeiro deles, no dia 5 de dezembro, aprofunda a temática deste ano ao discutir sobre “Filmes de Família, Cinema Doméstico e Cinema Amador: Questões conceituais, produção e usos”, com a professora de Cinema da PUC-Rio, Patrícia Machado; a coordenadora do Núcleo de Audiovisual e Documentário do CPDOC/FGV do Rio, Thais Blank; e o homenageado Clóvis Molinari Jr., mediados pelo coordenador geral de acesso e difusão documental do Arquivo Nacional, Christiano Cantarino.
Os debates acontecem no Auditório do Bloco C, no Arquivo Nacional, sempre às 10h, com entrada franca.
No dia 6 entra em pauta o tema “Por dentro dos arquivos – Desafios para a gestão, preservação e acesso aos acervos audiovisuais”, com o curador-adjunto da Cinemateca do MAM, Hernani Heffner, Eduardo Toledo, do Centro Técnico Audiovisual (CTAv) e Myrna Brandão, presidente do Centro de Pesquisadores do Cinema Brasileiro (CPCB), entidade homenageada nesta edição. Eles serão mediados por Adriana Cox Hollós, coordenadora geral de processamento técnico e preservação do Acervo do Arquivo Nacional.
No dia 7 será a vez de “Com a palavra o usuário – Encontro de Pesquisadores de Audiovisual”, com os pesquisadores Antonio Venancio, Maria Byington, Patricia Pamplona e Remier Lion, mediados pelo curador do Arquivo em Cartaz e coordenador de documentos audiovisuais e cartográficos do Arquivo Nacional, Antonio Laurindo.
Já o último debate acontece 14h, no Cine-Teatro, dia 8 de dezembro, com o tema “Oficina Lanterna Mágica”. Criada para ser um laboratório de experimentação sobre forma e conteúdo na realização de filmes com imagens de arquivo, a Oficina pretende ir além dos limites da sala de aula e convida para um bate-papo sobre a experiência com a participação do orientador Joel Pizzini e do grupo de alunos.
OFICINAS E MASTER CLASS
O Arquivo em Cartaz oferece um amplo programa de capacitação e formação para profissionais do setor audiovisual que atuam no segmento da preservação e interessados na área. Este ano serão três modalidades de oficinas e 01 masterclass, com a oferta de 90 vagas, todas esgotadas.
No dia 04 de dezembro, o produtor e montador Marcelo Pedrazzi, ministra a masterclass “Digitalização de Filmes de Arquivo”. Na terça-feira, dia 05, acontece a oficina “Noções básicas de conservação de películas cinematográficas”,com Mauro Domingues, coordenador geral de Processamento e Preservação de Acervo do Arquivo Nacional. Na quarta-feira, dia 06, a supervisora da equipe de conservação de fotografia do Arquivo Nacional, Cristiane Torrão Pinto, ministra a oficina “Noções básicas de conservação de documentos fotográficos”. Para encerrar, na quinta-feira, 07 de dezembro, Marco Dreer Buarque, especialista em preservação sonora e audiovisual, ministra a oficina “Noções Básicas de Conservação de Documentos Magnéticos”.
EXPOSIÇÕES
Duas exposições integram a programação do Arquivo em Cartaz: Itinerários Indígenas e a videoinstalação Memórias Afetivas, que oferece a oportunidade de resgatar memórias afetivas por meio da digitalização de fitas VHS e da exibição dos registros em uma videoinstalação durante o festival.
CINE ARTE UFF
O Cine Arte UFF recebe de 8 a 11 de dezembro a Mostra Homenagem e a Sessão Temática. A Mostra Homenagem CPCB inclui “A Hora da Estrela”, de 1986, com direção de Suzana Amaral; e “O homem que virou suco”, de 1981, dirigido por João Batista de Andrade. Ambas as produções foram restauradas pelo CPCB.
Já a Mostra Homenagem Clóvis Molinari Jr. contará com a exibição total de 10 curtas: “O Super-8” (2010), “A Gaiata Ciência” (1979), “Cacos” (1978), “A Art-Pop de Rudi Santos” (2010), “O experimentalismo de José Araripe Jr.” (2010), “A Redemocratização do Brasil” (1979/1981), “Parada de Lucas” (1982) e “Tryler/Trailer/Trilha – Jorge Mourão, o Radical Livre do Super-8” (2010), todos dirigidos exclusivamente pelo homenageado. Também serão exibidos “Lissergia” (1978), teve codireção de Rosanna Peres Posa e Leonardo Coutada; e “A degola fatal” (1981), com Ricardo Favilla.
Ainda no Cine Arte UFF, acontece a Sessão Temática com a exibição dos filmes “No Intenso Agora”, de João Moreira Salles; e “Desarquivando Alice Gonzaga”, de Betse de Paula.
CONFIRA A SELEÇÃO DOS FILMES DA MOSTRA COMPETITIVA
CURTAS:
DIVINA LUZ, de Ricardo Sá
ANTONIETA, de Flávia Person
FESTEJO MUITO PESSOAL, de Carlos Adriano
JAPONESITA, de Ignacio Masllorens
LACERDA, O CORVO DA GUANABARA, de Sayd Barbosa Mansur
LAURA, de Tânia Dinis
O MUNDO É UM MOINHO, de Rubens Takamine
PASSEIO PÚBLICO, de Andrea França e Nicholas Andueza
REI, de Alfeu França
UMA E OUTRA GUERRA, de Monica Klemz
UNIVERSO PRETO PARALELO, de Rubens Passaro
MÉDIAS:
ABISSAL, de Arthur Leite
ARMANDA, de Liliane Lerouxe Rodrigo Dutra
BAHIA SCI-FI, de Petrus Pires
FREDERICO SIMÕES BARBOSA: CIÊNCIA E COMPROMISSO SOCIAL, de Silvia Santos
ÍNDIOS NO PODER, de Rodrigo Arajeju
PRAÇA DE GUERRA, de Edmilson Junior
RADIOVIZIJA, de GregorZupanc, MilošTomić, JelenaMilunović, Igor Simić
SEGUINDO A LINHA: A HISTÓRIA DE RICARDO PRADO, de André Bomfim
UMA DAMA DE FINO TRAÇO, de Yanko Del Pino
YMÃ ARANDU, de Maia Lannes
LONGAS:
CACASO NA CORDA BAMBA, de José Joaquim Salles e PH Souza
NEXT STOP – ODEON CINEMA, de Ekaterina Minkova
O CINEMA FOI À FEIRA, de Paulo Hermida
TORQUATO NETO – TODAS AS HORAS DO FIM, de Eduardo Ades e Marcus Fernando
UN EXILIO: PELÍCULA FAMILIAR, de Juan Francisco Urrusti