Cineastas participam de debate no Cine Humberto Mauro sobre a temática central da 11ª edição da Mostra de Cinema de Belo Horizonte. Programação de sexta-feira pré-estreia de filmes internacionais na Mostra Contemporânea e clássicos do cinema na Praça da Estação. CineBH segue até domingo com sessões e debates, em programação totalmente gratuita
A sexta-feira na CineBH (que segue até o próximo domingo) começa com o debate sobre a temática da 11a edição da Mostra. Cinema de Urgência: Métodos, Impasses, Intervenções reunirá no Cine Humberto Mauro, cineastas, críticos de cinema e o público para discutir a produção cinematográfica que retrata a atual crise política brasileira e seus reflexos. Participam da atividade os cineastas Douglas Duarte (RJ) e Miguel Antunes Ramos (SP) e os curadores da Mostra CineBH Francis Vogner dos Reis (SP) e Paula Kimo (MG), com mediação de Pedro Butcher, curador da Mostra CineBH e colaborador do Brasil CineMundi (RJ).
A programação do fim de semana prossegue com uma atração luxuosa: a exibição, em plena Praça da Estação, de “Blade Runner – O Caçador de Androides”. O clássico de ficção científica dirigido por Ridley Scott e adaptado do romance de Philip K. Dick foi originalmente lançado em 1982. Ao longo das décadas, teve várias outras versões e montagens, até 2007, quando o próprio Scott supervisionou a que ele chamou de “The Final Cut”, ou “O Corte Final”. Será esta a versão na CineBH, às 19h, antecedida do curta-metragem “A Hora Vagabunda”, produção mineira de Rafael Conde que está prestes a completar duas décadas.
As outras sessões de cinema começam cedo nessa sexta-feira, com o segundo encontro com o homenageado Pierre Léon nos Diálogos Históricos, às 14h30, no Cine Humberto Mauro. O filme do dia é “Um Grande Mergulho” (1974), dirigido por Jack Hazan e que biografa, entre a ficção e o documentário, a trajetória do artista britânico David Hockney. Em seguida, Léon vai conversar com o público, com mediação do curador Pedro Butcher.
Ainda com Pierre Léon, cineasta que está tendo retrospectiva na CineBH, o público pode conferir vários títulos do diretor francês em sequência no Cine Humberto Mauro: “Phantom Power” (às 17h), “O Assombro” (às 18h30) e “A França” (às 19h30), este com direção de Serge Bozon e tendo Léon como um dos atores.
Na Mostra Contemporânea, o destaque da sexta-feira é a pré-estreia nacional do japonês “The Mole Song: Hong Kong Capriccio”, de Takashi Miike, às 21h15, no Cine Humberto Mauro. O filme mistura ação, comédia, romance, policial e musical numa trama cheia de surpresas e protagonizada por Ikuta Toma, um astro pop no Japão. Também na Mostra Contemporânea, “A Revolução não Será Televisionada”, filme do Senegal dirigido por Rama Thiaw e que registra um levante popular, liderado por dois rappers, contra a reeleição de um presidente.
Em diálogo com o filme de Thiaw, a sessão de curtas da mostra A Cidade em Movimento põe em questão os registros urbanos de uma Belo Horizonte à margem dos poderes estabelecidos. Seis curtas-metragens, a serem exibidos no Cine 104 às 19h30, serão seguidos da roda de conversa O Que Acontece Aqui?, que vai discutir o papel do Viaduto Santa Tereza e do baixo centro como espaço de manifestações artísticas e populares e também de resistência.
Às 21h no Cine 104, ainda na mostra A Cidade em Movimento, o diretor Bruno Figueiredo vai exibir um filme em processo, “O Som que vem das Ruas 3”, em comemoração aos 10 anos do Duelo de Mcs – evento que inclusive terá uma edição especial às 23h30, no Cine Lounge do Centro Cultural CentoeQuatro.
Os encontros de coprodução do 8o Brasil CineMundi seguem em paralelo à programação de filmes, ocupando espaços no Museu de Artes e Ofícios e na Serraria Souza Pinto (dentro da MAX – Minas Gerais Audiovisual Expo). Às 14h30, no Museu, acontece o encontro sobre Fundos de Investimento e Cooperação Audiovisual Internacional, com o objetivo de apresentar detalhes sobre financiamento de filmes e possibilidades de realização em conjunto com outros países a partir dos recursos de cada região. Às 16h15, na MAX, o tema da mesa é Distribuição, Estratégias de Vendas e Lançamentos de Filmes, que vai reunir um grupo de diretores de venda para explicarem as estratégias e caminhos a serem seguidos por quem pretender ampliar o alcance de seu trabalho audiovisual.
MEMÓRIAS
Na noite de quinta-feira, a diretora Fernanda Pessoa participou de um bate-papo com o público do Cine Humberto Mauro após a sessão do seu documentário “Histórias que nosso Cinema (não) Contava”. Ela detalhou todo o processo de pesquisa e montagem do longa-metragem, que se utiliza exclusivamente de imagens de filmes brasileiros dos anos 1970 para reconstituir a história da ditadura militar através das produções mais populares na época.
“Esses filmes hoje são deixados de lado como desimportantes, mas eles fazem parte da nossa história e são fundamentais para se entender esse período histórico”, destacou Fernanda. O que mais lhe chamava atenção, disse, são as contradições que se localiza nas cenas escolhidas, que apontam elementos profundamente machistas ou homofóbicos em produções do período ao mesmo tempo em que mostra personagens femininas de enorme força e atitude, muitas vezes tratando abertamente de aborto e violência. “O que ficou conhecido como ‘pornochanchada’ não eram só comédias eróticas, elas iam muito além disso”.
Logo em seguida à conversa, foi exibido “As Aventuras Amorosas de um Padeiro”, comédia de 1975 dirigida por Waldir Onofre. A sessão teve a presença de Carlos Onofre, filho do diretor, que comentou sobre a produção e sua importância para a época. “Penso nesse filme, hoje, como um grande retrato daquele período, mas que foi visto de maneira pejorativa ao longo dos anos”, disse.
* TODA PROGRAMAÇÃO É OFERECIDA GRATUITAMENTE AO PÚBLICO
Foto: Léo Lara/Universo Producão