Um dos destaques da programação será a exibição de “A Primeira Missa”, de Ana Carolina; evento entra na reta final nesta segunda, 26 de junho, com a pré-estreia de “No intenso agora”, novo filme de João Moreira Salles

A CineOP abre o domingo com a presença de um dos principais nomes do cinema nacional. O ator Antônio Pitanga, protagonista do filme “Pitanga”, exibido na noite de ontem no Cine BNDES na Praça, participa de uma roda de conversa mediada pelo crítico Marcelo Miranda. O encontro, marcado para as 11h, será aberto ao público e acontece no Hall de Convivência do Centro de Convenções.

No mesmo local, às 12h30, acontece o lançamento e sessão de autógrafos dos livros “Super-8 no Brasil, um sonho de cinema”, escrito pelo dicionarista e homenageado da Temática Preservação, Antônio Leão; “Verdes anos – Memórias de um filme e de uma geração” (Editora da UFRGS), de Alice Dubina Trusz; “Bernardet 80 – Impacto e Influência no cinema Brasileiro” (Editora Paco Editorial), com organização de Ivonete Pinto e Orlando Margarido; “Telas da docência: professores, professoras e cinema” (Editora Autêntica), com diversas organizadoras; e “A Família Dionti” (Editora Berlendis & Vertecchia), de Alan Minas.

Na parte da tarde, às 15h, iniciam duas mesas do Seminário. No auditório 1, “O passado e o presente: uma perspectiva histórica do olhar” tem Hernani Heffner (curador adjunto da Cinemateca do MAM), João Luiz Vieira (professor da UFF) e Luís Alberto Rocha Melo (professor da UFJF) para falarem sobre imagens do passado carregadas de valores, costumes e perspectivas particulares que ganham peso diferente e são ressignificados a partir da experiência do presente. No auditório 2, “A educação em tempo de produção de imagens ameríndias” será um bate-papo com Ricardo Leher, reitor da UFRJ, com mediação de Adriana Fresquet (curadora da Temática Educação), sobre o desenvolvimento de políticas afirmativas, de sistemas educativos e a multiplicação de iniciativas de produção audiovisual dos povos ameríndios.

As sessões de filmes do sábado começam às 18h, com a exibição de “A Primeira Missa ou Tristes Tropeços, Enganos e Urucum”, de Ana Carolina, no Cine Vila Rica. Logo em seguida, às 20h, na Mostra Preservação, a comédia “É um caso de polícia!”, de Carla Civelli, produzida em 1959. Fechando a noite na sala, às 22h, a Mostra Contemporânea de Curtas apresenta quatro títulos. No Cine BNDES na Praça, às 20h30, também tem sessão de curtas contemporâneos.

No Sesc Cine Lounge Show, o público confere a Noite Poderosxs, dedicada à temática de gênero, com apresentações do coletivo Toda Deseo, de Tamara Franklin e do grupo Não Recomendados. Os ingressos serão distribuídos a partir das 22h.

RETA FINAL

A segunda-feira, 26 de junho, marca o último dia de programação da 12a CineOP concluindo a série de temas, estímulos e discussões que pautaram a edição deste ano a partir da temática “Quem conta a história no cinema brasileiro?”. Logo pela manhã, às 10h, dois encontros do Seminário trazem à tona pontos de vista variados sobre isso em diversas perspectivas. No auditório 1, a mesa sobre “Midiativismo” reúne Júnior (Centro de Mídia Independente) e Paula Kimo (pesquisadora) para conversarem sobre suas experiências e a importância de se utilizar as novas tecnologias para a expressão das questões e lutas contemporâneas. No auditório 2, André Brasil (professor), Marcela Borela (coordenadora da Rede Kino) e Vincent Carelli (indigenista e cineasta) debatem as “Emergências Ameríndias”.

Às 14h30, no auditório 1, é a vez de conversar sobre “Jogos eletrônicos, mídia arte e cinema expandido”, que coloca na mesa Bruno Vianna (cineasta), Magali Melleu Sehn (professora), Renata Gomes (professora) e Ruy Luduvice (coordenador da Associação Cultural Videobrasil). Eles discutem como lidar com a combinação de conteúdo e dispositivo de acionamentos, códigos de programação e configuração expositiva características de novas formas de linguagem e expressão.

As últimas sessões de filmes deste ano na CineOP começam às 18h, no Cine Vila Rica, com a Mostra Preservação. A sessão será de “Memórias do Subdesenvolvimento”, produção cubana de 1968 que se tornou um marco no cinema de resistência. Às 19h, no Cine BNDES na Praça, o documentário “Vinte Anos”, de Alice de Andrade, coloca novamente Cuba em pauta, desta vez num trabalho contemporâneo que olha para o passado da ilha.

A sessão de encerramento da Mostra começa às 20h30, com a pré-estreia de “No Intenso Agora”, novo trabalho de João Moreira Salles, no Cine Vila Rica.

No Sesc Cine Lounge Show, a última série de apresentações se intitula “Noite Noiz” e será dedicada à chamada “cultura da favela”, trazendo toda a efervescência e diversidade do verdadeiro caldeirão cultural presente nas comunidades periféricas brasileiras, historicamente alijadas dos regimes de visibilidade e lugares de fala. Os ingressos serão distribuídos a partir das 22h.

OLHARES E SUPORTES

Nos debates realizados no sábado, a educação pelo audiovisual, a representação indígena na criação das imagens e a preservação em suportes variados foram temas destacados ao longo de todo o dia. A cineasta Para Yxapy, que está com um curta-metragem na programação deste ano, disse na mesa “Imagem e Formação” de sua vivência como realizadora, no que a pesquisadora Clarisse Alvarenga reforçou com uma análise detida sobre sua obra. “Temos a maioria de filmes indígenas feita por cineastas homens, e nisso o trabalho de Para é essencial e indica uma potência incrível”. A diretora destacou o interesse em retratar a cultura e os costumes de seu povo através de processos de observação e construção, nos limites da ficção e do documentário.

Dando seguimento à conversa, a mesa “Podem as imagens matar/salvar?” partiu de um ensaio da filósofa francesa Marie-José Mondzain para discutir o poder das imagens na sociedade contemporânea e em que medida elas influem nos rumos de um grupo ou de uma população. “As imagens modernas surgem dentro de uma empresa colonial e podem nos servir para salvaguardar culturas tradicionais”, comentou a professora Amaranta César. Ela disse acreditar que, apesar do uso excessivo de registros imagéticos às vezes de maneira sensacionalista, eles ainda podem servir, se feitos de outras maneiras, como caminho de algum tipo de esperança. Amaranta deu o exemplo do filme “Martírio”, de Vincent Carelli, e citou uma cena de “Corumbiara”, do mesmo diretor, na qual um fazendeiro nega a existência de indígenas numa determinada região. “Existe uma disputa perversa pelo imaginário e uma tentativa de invisibilizar a imagem do índio”.

Nas conversas sobre preservação, diversos profissionais da área expuseram alguns estudos de caso de reserva de material nos mais distintos suportes, em especial no digital. O tema voltou no fim do dia, com mais um encontro sobre o Plano Nacional de Preservação Audiovisual. Cineastas como Cavi Borges e Jorge Bodanzky falaram sobre suas preocupações em cuidar do próprio acervo. “Os realizadores brasileiros não pensam nisso quando fazem filmes. Eles só querem saber dos próximos e se esquecem de cuidar dos antigos”, disse Cavi. Bodanzky chamou atenção para a variedade de suportes existentes para registro de imagens, algo que dificulta a conservação na medida em que as tecnologias ficam obsoletas. “Tenho muito material guardado em todo tipo de formato, do uMatic ao VHS e CD, mas nem leitores desses suportes a gente encontra mais”.