Seminário do Cinema Brasileiro reúne 89 profissionais no centro de 34 debates, com bate-papos sobre os filmes em exibição e a temática Chamado Realista; no Cine BNDES na Praça também vai ter conversa com os realizadores após as sessões de cinema

Atenta à formação do público e à ampliação da experiência cinematográfica para além da sala de exibição, a 21a Mostra de Cinema de Tiradentes – que acontece entre 19 e 27 de janeiro – promove mais um intenso ciclo de debates, bate-papos e mesas na programação no contexto do Seminário do Cinema Brasileiro. A maior parte das atividades se concentra no Cine Teatro SESI e reunirá 89 profissionais do audiovisual, críticos, jornalistas, professores e pesquisadores, em 34 debates – 5 debates conceituais, 20 Encontros com os Filmes, 2 debates internacionais e 7 sessões de cinema seguidas de bate-papo com os realizadores. 

O homenageado da Mostra este ano, o ator carioca Babu Santana, será tema de uma das primeiras mesas, “O ator e seu meio – Filmar em estúdio, filmar no Recôncavo Baiano e filmar no Morro do Vidigal: O percurso de Babu Santana”, no dia 20 (sábado), às 12h. Na mesa, mediada pelo crítico Juliano Gomes e com a presença do próprio ator, estarão Ary Rosa e Glenda Nicácio, que dirigiram Babu em “Café com Canela”, filme de abertura do evento (a ser exibido na noite do dia 19, no Cine-Tenda), e Sérgio Ricardo, que trabalhou com o ator em “Bandeira de Retalhos”, que terá pré-estreia no dia 21 (domingo), no Cine-Tenda.

Na esteira da temática central deste ano na Mostra, “Chamado Realista”, três mesas vão desenvolver ideias em torno da proposta curatorial de 2018. No dia 20 (sábado), acontece a primeira delas, que discute a própria noção coloca em pauta no evento. Compõem o debate a dupla de curadores de longas-metragens, Cleber Eduardo e Lila Foster, e o trio de curadores de curtas-metragens, Camila Vieira, Pedro Maciel Guimarães e Francis Vogner, com mediação de Marcelo Miranda. O grupo pretende apresentar a temática desta edição, enfocando questões importantes do momento atual do cinema brasileiro em diálogo com a programação de filmes do evento.

As discussões sobre a temática seguem no dia 21 (domingo), às 15h30, com “Chamado realista: O corpo e a fala realista nas interpretações”. Mediado por Pedro Maciel Guimarães, o encontro terá presenças de Aline Brune (atriz e artista visual), Patrícia Saravy (atriz) e René Guerra (diretor e roteirista). O objetivo é pensar as diferentes perspectivas de trabalho com atores e não-atores e a construção do “efeito de real” exigido em diversas produções contemporâneas que buscam o naturalismo de expressão para a autenticidade e verismo, nem sempre perfurando estereótipos de classe e de raça nas estratégias de conquista de crença e de legitimidade das representações. 

No dia 22 (segunda), acontece outra mesa sob o tema do Chamado Realista, intitulada “Questão de enfoque, de materiais e de postura”, com Adirley Queirós (cineasta), Affonso Uchôa (diretor) e Patrícia Machado (professora), sob mediação de Lila Foster. A conversa será sobre a multiplicidade de estratégias recentes e históricas que partem da vida social como matéria e premissa, na ficção e no documentário, ou que partem de gêneros cinematográficos e de outras escolhas formais nas quais se colocam dados da realidade para compor um universo interno ao filme.

Por fim, sob perspectiva internacional, “Chamado realista: Incidência de novos e antigos realismos em perspectiva latino-americana”, no dia 25 (quinta), conclui as conversas em torno da temática central. Andrea Stavenhagen (curadora, México), Raúl Camargo (curador, Chile) e Roger Koza (crítico, Argentina) se reúnem, sob mediação de Ela Bitencourt, para falar sobre como o diálogo com a realidade de suas sociedades tem se manifestado nos filmes da América do Sul e América Central e as diferenças e semelhanças em relação ao Brasil.

Em sentido mais amplo para as discussões, “Diálogos do audiovisual: Um olhar sobre o cinema brasileiro”, no dia 24 (quinta), às 15h30, reúne Boris Nelepo (crítico e curador, Rússia) e Erick González (Centro de Cine Y Recreación e diretor do AustraLab, Chile) para falarem sobre as possibilidades e ações de cooperação para difundir a produção brasileira no mercado no exterior e quais as perspectivas do setor audiovisual para 2018. Mais focada num olhar interno de análise, os críticos Raul Arthuso, Cecilia Barroso e Luiz Carlos Merten debatem “Cinema brasileiro contemporâneo”, tateando elementos estéticos, universos de abordagem e material de olhar nos trabalhos mais recentes da produção no país. 

Uma das atividades mais aguardadas da Mostra de Tiradentes este ano tem outro nome: Encontro com os Filmes. A proposta permanece a de colocar em discussão os longas-metragens das mostras Aurora e Olhos Livres em discussão, assim como os curtas-metragens da mostra Foco e, este ano, os títulos da mostra Chamado Realista. Serão 20 encontros ao longo da programação, sempre formadas pelas equipes dos filmes, por críticos convidados a analisarem o trabalho em questão, pela plateia que lota o Cine-Teatro e interage com os participantes e pela mediação de Marcelo Miranda (Aurora e Foco), Camila Vieira (Olhos Livres) e Francis Vogner e Cleber Eduardo (Chamado Realista). 

Pelo segundo ano, a Mostra promove também bate-papos entre realizadores e público nas sessões do Cine BNDES na Praça. Quatro filmes em exibição (Escolas em Luta, Todos os Paulos do Mundo, Camocim e Por Parte de Pai), serão seguidos de debates imediatamente após as exibições, com mediação de Lila Foster e Pedro Maciel Guimarães.  

TODA PROGRAMAÇÃO É OFERECIDA GRATUITAMENTE AO PÚBLICO.

Foto: Beto Staino/Universo Produção