Seminário do Cinema Brasileiro, sessões do Cine-Debate e bate-papos na praça reúnem dezenas de profissionais para discutirem os filmes e os rumos do cinema brasileiro com a plateia da Mostra de Tiradentes, que acontece na cidade mineira de 20 a 28 de janeiro
A 20ª Mostra de Cinema de Tiradentes, a ser realizada entre 20 e 28 de janeiro, também será pauta de encontros para discutir o momento atual do cinema brasileiro. Além de exibição de filmes, o evento promove anualmente o Seminário do Cinema Brasileiro – um dos destaques da programação do evento, que nesta edição vai reunir 66 profissionais no centro das discussões de 30 debates – quatro debates conceituais, um debate internacional, dois diálogos do audiovisual, 15 bate-papos que integram a série Encontros com a Crítica, Diretor e Público e oito Sessões Cine-Debate, que oferecem olhares variados aos filmes apresentados na programação, com a presença de profissionais nacionais e internacionais, pesquisadores e acadêmicos, jornalistas, pesquisadores, intelectuais, realizadores, produtores e curadores.
No debate inaugural do Seminário, dia 21 (sábado), a temática conceitual desta edição do evento: “Cinema em reação, cinema em reinvenção: questões de representatividade e de proposta estética” propõe discutir as problemáticas contemporâneas mais intensas e urgentes relacionadas aos modos de representação de minorias e de grupos estigmatizados e oprimidos nas relações de poder dentro da estrutura do cinema. Participam da mesa Cleber Eduardo (crítico e curador da Mostra), Heitor Augusto (crítico e pesquisador), Patrícia Mourão (pesquisadora e programadora), com mediação de Francis Vogner dos Reis.
Na sequência, as homenageadas desta edição, as atrizes, produtoras e diretoras Helena Ignez e Leandra Leal, participam da mesa sobre o percurso de suas trajetórias, marcadas pela forte presença nas telas em épocas distintas da história. O debate conta também com os convidados Daniel Schenker (crítico), Murilo Salles (cineasta) e Ruy Gardnier (pesquisador e crítico), com mediação de Pedro Maciel Guimarães.
No dia 23, a mesa especial “As mulheres na crítica de cinema brasileiro” se configurará num bate-papo sobre questões relacionadas ao exercício da crítica cinematográfica por mulheres. O encontro foi organizado pelo coletivo Elviras, que reúne 50 profissionais brasileiras do jornalismo e da reflexão de cinema. Entre os assuntos levantados, estão a escassa presença do olhar feminino na grande mídia, a consequente pouca visibilidade da produção cinematográfica de realizadoras, a falta de espaço equilibrado em associações críticas, a presença de mulheres que escrevem sobre cinema em festivais e a representatividade feminina no cinema universitário. Compõem a mesa as críticas Flávia Guerra (SP), Ivonete Pinto (RS) e Cecília Barroso (DF), com mediação de Marcelo Miranda.
No dia 24 (terça-feira), o terceiro debate conceitual, “Cinema em reação, cinema em reinvenção: Circulação e visibilidade”, propõe discutir dificuldades e alternativas à presença de filmes realizados em diferentes unidades federativas, quase sempre autorais e independentes, de cineastas em início de carreira em longa-metragem. Estarão presentes André Gatti (pesquisador e escritor), Cavi Borges (cineasta e distribuidor), Eduardo Valente (cineasta, crítico e curador), Frederico Machado (cineasta, distribuidor e curador) e Talita Arruda (distribuidora).
No dia 25 (quarta-feira), a mesa “Um olhar sobre o cinema brasileiro” terá a presença do convidado internacional, o argentino Roger Koza (programador do Filmfest Hamburg-Ficunam e crítico de cinema de Con los ojos abiertos e Revista Ñ). Na sequência, o debate sobre “ Avanços e Perspectivas para o Setor Audiovisual Brasileiro” terá a presença de Manoel Rangel (presidente da Ancine). O bate-papo vai girar em torno dos desafios para o mercado audiovisual do Brasil, num momento de expansão das formas de feitura e consumo de conteúdos para cinema, TV e novas mídias, e sobre as possibilidades de cooperação e difusão da produção no exterior.
No contexto de celebração dos 20 anos da Mostra, acontecem duas mesas que buscam fazer um balanço do período sob vários aspectos. O debate “Mostra Aurora 10 Anos: Percurso em reflexão” reúne diretores vencedores da Aurora com o propósito de apontar os rumos estéticos e de produção de cada um deles após realizarem seus primeiros longas e ganharem o prêmio do Júri da Crítica em Tiradentes. A mesa reúne Allan Ribeiro (Mais do que Eu Possa me Reconhecer, 2015), Adirley Queirós (A Cidade É uma Só?, 2012), Pedro Diógenes (Estrada para Ythaca, 2010), Thiago B. Mendonça (Jovens Infelizes ou um homem que grita não é um urso que dança, 2016) e Tiago Mata Machado (Os Residentes, 2011). A mediação é de Cleber Eduardo, curador e idealizador da Mostra Aurora, iniciada em 2008.
A outra mesa, “Cinema Brasileiro em Duas Décadas (1998-2017)”, conta com participação de João Luiz Vieira (professor e pesquisador), Luiz Carlos Merten (crítico) e Sheila Schvarzman (historiadora e professora). O debate vai partir do êxito interno e externo de Central do Brasil, após a consolidação da Retomada nos anos 1990 e após a segunda eleição de Fernando Henrique Cardoso. Entre mudanças políticas e econômicas, nas fontes de recursos para produção e na legislação de garantia de espaço para o audiovisual brasileiro, as duas últimas décadas foram marcadas pela continuidade crescente da produção, mas também por mudanças cíclicas de estilos e propostas narrativas.
Tradição na Mostra, o Encontro com a Crítica, Diretor e Público sempre coloca em discussão os filmes exibidos durante o evento. Em 2017, serão 18 mesas, cada uma formada por um convidado, que compartilha suas impressões sobre o trabalho em questão, e as equipes dos diversos longas-metragens, que comentam e respondem a perguntas da plateia. Todos os sete filmes da Aurora têm mesas dedicadas a eles, com mediação de Marcelo Miranda, assim como os das mostras Olhos Livres e Horizontes, mediadas por Pedro Butcher. Já os curtas-metragens da Mostra Foco são debatidos em bloco, ao longo de três mesas durante o evento.
Na Sessão-Debate deste ano, quatro filmes serão discutidos imediatamente após suas exibições na Mostra: Antes do fim, longa ainda em desenvolvimento de Cristiano Burlan e protagonizado pela homenageada Helena Ignez; Ralé, mais recente trabalho com direção de Ignez; Precisamos Falar do Assédio, de Paula Sacchetta; e Sutis Interferências, de Paula Gaitán.
As sessões da Mostra Praça (os longas Pitanga, Martírio, O que nos olha, O jabuti e a anta e Guarnieri) também serão discutidas com o público logo após as exibições, sempre com a presença das equipes de realizadores e mediação de Lila Foster.