Quinta edição do evento, que leva para a capital paulista um recorte da programação mineira, tem início no dia 23, com a exibição gratuita de Baronesa, melhor longa da Mostra Aurora eleito pelo Júri da Crítica do; Abertura acontece às 20h, no CineSesc, com performance e participação especial de Fabiana Cozza

A 5ª Mostra Tiradentes | SP começa nesta quinta-feira, 23 de março, na capital paulista, com forte presença feminina. Não só na sessão de abertura, que contará, por exemplo, com a participação da cantora Fabiana Cozza e da diretora Juliana Antunes, responsável por “Baronesa”, filme vencedor da Mostra Aurora na edição mineira do evento. Mas, principalmente, por levar ao público um recorte e um reflexo dos debates efilmes que passaram em Minas, propondo um aprofundamento do diálogo sobre as possibilidades políticas e estéticas da produção nacional contemporânea, com intensa participação das mulheres – e não só como personagens, mas, desta vez como protagonistas reais destas análises.

 A abertura da Mostra Tiradentes | SP acontece às 20h, no CineSesc (Rua Augusta, 2075 - Cerqueira César) e tem entrada gratuita. A performance audiovisual, com direção de Chico de Paula e Grazi Medrado, apresentará a temática, a programação e o conceito do evento, “Cinema em Reação, Cinema em Reinvenção”, com arte, música e movimento. Na sequência, haverá a exibição de “Baronesa”. O filme, gravado na periferia de Belo Horizonte, permite um mergulho profundo em questões como o prazer e a sexualidade feminina, as redes de solidariedade e, principalmente, a complexidade da vida materna. A diretora, Juliana Antunes, participará de um debate com o público, mediado pelo curador Cleber Eduardo, ao fim da sessão.

 “Inevitável pensar em como uma equipe predominantemente feminina permitiu um nível tal de cumplicidade condensando – ou dissolvendo – falsas oposições entre realidade e espaço cênico, desespero e esperança, ternura e violência. Tratar da representação feminina com complexidade é definitivamente um ganho quando, no mais das vezes, a nossa cultura audiovisual é marcada por visões rasas e estereotipadas, quando não extremamente violentas, sobre a mulher”, defende a curadora Lila Foster.

 O longa-metragem reúne um número expressivo de mulheres em sua produção - são seis, inclusive em funções técnicas raramente ocupadas pelo sexo feminino. Após a vitória na Mostra de Cinema de Tiradentes, em janeiro, “Baronesa” rapidamente deu início a uma carreira promissora: foi escolhido pela Ancine para integrar o projeto “Encontros com o cinema brasileiro”, que exibe produções nacionais para os curadores do Festival de Cannes. Além disso, a diretora de Fotografia, Fernanda de Sena, vencedora do Prêmio Helena Ignez na cidade mineira, foi selecionada para participar do Talents Buenos Aires, uma parceria entre a Universidaddel Cine com a Berlinale.

 A Mostra Tiradentes | SP, uma parceria entre a Universo Produção e o Sesc-SP, se estende até 29 de março, levando para a edição paulista todos os filmes vencedores da edição mineira de 2017, obras de diretores brasileiros em destaque na cena contemporânea. Considerada a maior plataforma de lançamento do cinema autoral, com 20 edições já realizadas em Minas Gerais, a Mostra Tiradentes chega a São Paulo apresentando 36 filmes - 21 longas e 15 curtas, grande parte delas em suas primeiras exibições na cidade. 

 Homenageada na 20ª Mostra de Cinema de Tiradentes, a atriz, produtora e diretora Helena Ignez volta a ser destaque em São Paulo, com a retrospectiva que leva seu nome. No total, serão cinco mostras (Retrospectiva Helena Ignez, Mostra Aurora, Mostra Cinema em Reação, Mostra em Foco e Mostra Cena Paulista) em25 sessõesde cinema, nove bate-papos com realizadores, uma oficina e um debate conceitual. A partir do dia 24, as sessões terão ingressos a preços populares: R$ 3,50 para associados Sesc (com apresentação da carteirinha plena), R$ 6 (meia-entrada) e R$ 12 (inteira).

 PRESENÇA FEMININA EM TIRADENTES

Os 20 anos da Mostra de Cinema de Tiradentes foram comemorados ainda com um recorde: o número de longas dirigidos por mulheres. Entre os 29 novos títulos selecionados, 12 eram de realizadoras, representando 41% dos escolhidos. O curador de longas, Cléber Eduardo, conta que boa parte dos filmes parte de reações do cinema ao atual estado das coisas no Brasil, em aspectos políticos e sociais, e também seguem caminhos de risco e ousadia no trato com a estética. A criação do Troféu Helena Ignez também foi um destaque. Ele foi criado com o objetivo de reconhecer a atuação de alguma profissional que tenha se destacado em qualquer área na feitura de algum dos filmes exibidos.