Shows, performances, cortejo das artes, roda de conversa, exposição e lançamento de livros integram o evento, que será realizado entre os dias 13 e 18 de junho; nomes como Tom Zé, Karina Buhr e Felipe Cordeiro são alguns dos destaques da programação ao lado de atrações mineiras e da cidade de Ouro Preto

A temática histórica “Vanguarda tropical: cinema e outras artes” escolhida para esta edição da CineOP – Mostra de Cinema de Ouro Preto norteia também a programação artística do evento e traz para o debate uma questão central para os nossos dias: o lugar da arte como promotora de rupturas nos esquemas simbólicos que orientam nossa leitura da realidade política, social, econômica e cultural. Isso é especialmente relevante em momentos de tensão e crise de representação como os que temos acompanhado. Neste sentido, o movimento tropicalista pode ser considerado um marco na inscrição da cultura brasileira nos fluxos da contracultura e do que se convencionou chamar posteriormente de “pós-modernidade”. Mas em que consistem esses fluxos?

Das inúmeras questões que se desdobram a partir desta última pergunta, o Sesc em Minas, parceiro cultural da 13ª CineOP e responsável pelas atrações artísticas elegeu  como recorte para orientar o processo curatorial o papel histórico do tropicalismo no processo de construção de uma “identidade nacional”, objeto de grande preocupação dos movimentos modernistas que precederam a geração de Caetano Veloso e companhia, e que encontra na Tropicália um certo ponto de inflexão, saturado pelo crescente esgotamento dos valores ligados ao “projeto da modernidade”, com seus universalismos utópicos e racionalismos redentores.

“Nosso fio condutor para a construção dessa curadoria artística foi pensar em como a temática histórica, ‘Vanguarda Tropical: Cinema e outras artes’, tem sua importância histórica e ainda pulsa na produção artística contemporânea. Dessa forma, trazemos para a programação do  Sesc Cine Lounge Show desde referências daquela época à uma geração contemporânea. Elaborada de forma compartilhada, essa programação promove, além da fruição artística, a possibilidade de expandir conhecimentos, práticas simbólicas e estéticas de inclusão, de integração social, de exercício de cidadania além de fomentar a geração de renda e diversas atividades econômicas desse setor”, explica a Gerente Geral do Núcleo de Cultura do Sesc, Eliane Parreiras que ressalta também que a política cultural da instituição volta seus esforços para a promoção do bem-estar, da qualidade de vida das pessoas e seu desenvolvimento. Dessa forma, parcerias como a firmada com a CineOP refletem as diretrizes e as estratégias para alcançar esses objetivos.

A cidade histórica de Ouro Preto, que celebra em 2018, o Ano do Patrimônio Cultural reunindo datas comemorativas significativas se transformará em um grande cenário cultural, com uma programação intensa e gratuita, na qual a sétima arte se mistura a outras as manifestações culturais, como shows, performances, cortejo, roda de conversa, lançamento de livros e exposição. A programação completa está disponível no site www.cineop.com.br.

SHOWS, DJs E PERFORMANCES

A Tropicália foi um dos movimentos culturais mais importantes do país, surgido há 50 anos, com influência direta nas mais diversas artes, notadamente no cinema e na música. É com esta aura que a agenda de shows da CineOP tem início, no dia 14 de junho, quinta-feira, às 22h, no Sesc Cine Lounge Show, com o músico Barulhista, que se dedica a desenvolver performances musicais-audiovisuais a partir da lógica do remix, abre a noite para o cantor Marcelo Veronez e seu espetáculo “Narciso deu um grito”, que traz referências ao carnaval, ao teatro de revista e à diversidade de ritmos que formam a identidade musical brasileira. A noite tem mais duas participações de peso: o grupo mineiro Cabezas Flutuantes que convida a cantora pernambucana Karina Buhr, para uma apresentação conjunta que vai esquentar a noite de Ouro Preto.

No dia 15, sexta, o Sesc Cine Lounge Show abre as portas para o DJ Carou, a partir das 22h. O músico Felipe Cordeiro sobe ao palco na sequência, com um repertório cheio de lirismo, balanço e originalidade, misturando a tropicalidade latino-americana e a música pop brasileira. A banda Os Libertos fecha a noite, trazendo canções que remetem à raiz tradicional afro-brasileira, com arranjos que mesclam diferentes momentos da MPB e apresentam um caldeirão de expressões estéticas frutos da diversidade cultural do solo americano.

Tom Zé, um dos maiores representantes da Tropicália, chega a Ouro Preto para uma apresentação no sábado, dia 16. A noite tem início com o DJ Braz Mitchell e termina com A Fabulosa Banda Dionisíaca dos Libertinos. Criada em 2011, junto com o renascido carnaval de rua de Belo Horizonte, a banda navega pelo elo cinético entre o roquenrou, o carnaval e o que de mais transformador essas duas celebrações têm.

Já o domingo, 17 de junho, será embalado pela DJ Carou e pela banda Baianeiros. Fundada em 2015 por um baiano e um mineiro que têm em comum a paixão pelo Carnaval de Salvador, o grupo apresenta autenticidade, alegria, fidelidade à axé music e ao carnaval. Para fechar a noite com chave de ouro, a CineOP recebe a festa Transa!. Criada em 2012, a festa é referência na capital mineira, buscando apresentar em seu repertório todos os estilos da música plural feita no país.

Na segunda, 18 de junho, último dia da CineOP, o Sesc Cine Lounge Show recebe, a partir das 23h, a banda Sagrada Profana. Formada apenas por mulheres, ela presta homenagens a ícones femininos da música, apresentando um show contemplativo e dançante que traz saudosismo, consciência e arranjos inusitados a grandes clássicos. Conhecido do público ouro-pretano, o Candonguêro também se apresenta na data. O grupo é dedicado ao cancioneiro brasileiro, a partir de uma série de releituras musicais e, sobretudo, da valorização dos compositores da cidade histórica. A noite contará ainda com a participação do DJ Braz Mitchell.

RODAS DE CONVERSA | ENCONTROS DE CINEMA E MÚSICA

A homenageada da 13ª CineOP, a atriz Maria Gladys, participa do “Encontro de Cinema – Roda de Conversa”, falando sobre seu percurso artístico. Maria Gladys é uma das atrizes mais originais do cinema brasileiro. Seja no cinema, nos filmes do Cinema Novo, no experimental ou no cinema de apelo popular mais imediato, sua figura sempre se destacou pela presença e personalidade. Com carreira também no teatro e na televisão, Maria Gladys é pura intensidade. Ela representa o que o cinema moderno e a contracultura brasileira tiveram de mais autêntico. O bate-papo pretende apresentar o panorama da trajetória pessoal e artística da atriz homenageada, suas escolhas, opiniões e atuações em diferentes épocas e produções. A conversa, que também terá participação do cineasta Neville d’Almeida e mediação do crítico Marcelo Miranda, acontece no dia 15 de junho, às 12h, no Hall de Convivência do Centro de Artes e Convenções.

No dia 16 de junho, sábado, às 16horas, será a vez de Tom Zé participar da Roda de Conversa. O bate-papo vai enfocar sua trajetória e carreira numa revisita ao movimento Tropicalismo até os dias atuais.  O encontro acontece no hall de convivência| 2º andar  do Centro de Convenções.

CORTEJO DA ARTE CELEBRA O ANO DO PATRIMÔNIO CULTURAL DE OURO PRETO

Para além do tema curatorial da 13ª CineOP,  2018 é ano cheio de simbolismos para a cidade de Ouro Preto que celebra os 280 anos do nascimento do artista Aleijadinho, os 320 anos da cidade e os 80 anos do tombamento, como patrimônio nacional, de seu conjunto arquitetônico e urbanístico. É sob essa abordagem histórica que o Sesc oferece o Cortejo da Arte, sob a diretriz da valorização das manifestações tradicionais e dos grupos artísticos de Ouro Preto e região, no sábado, 16 de junho, a partir das 11h30.

Um contagiante e tradicional passeio musical percorre as ruas tricentenárias de Ouro Preto com a regência e a animação de bandas, grupos e artistas convidados, numa mistura de ritmos e sonoridades que vão contagiar moradores, turistas e o público em geral, saindo do Cine Praça, na Praça Tiradentes, em direção ao Cine Vila Rica.

Participam deste encontro o Bloco do Zé Pereira, Charanga de Lata, Cia. Estandarte, Coletivo Calanga, Contador de Histórias Xibil, Fanfarra Desembargador Horácio Andrade, Guarda de Congo Nossa Senhora do Rosário e Santa Efigênia, Guarda de Moçambique Santa Efigênia, Maracatrupe, Pastorinhas do Padre Faria e Personagens da Turma do Pipoca.

FUTEBOL NA CINEOP

A CineOP abre espaço em sua programação para outra paixão nacional, o futebol, no domingo, 17 de junho. A partir das 12h, o Dj Braz Mitchell abre o espaço do Sesc Cine Lounge Show  para dar início à concentração com muita animação. Às 14h, o público poderá conferir a intervenção artística do PPFC – Perna de Pau Futebol Clube vai disputar uma emocionante partida de futebol em cima de penas de pau. A estreia do Brasil na Copa do Mundo, em partida contra a Suíça, será transmitida ao vivo, a partir das 14h30, nos telões no Sesc Cine Lounge Show.

LANÇAMENTO DE LIVROS

O domingo será marcado também pelo lançamento de títulos fundamentais para a história e análise do cinema e dos eixos temáticos da CineOP, História, Preservação e Educação, a partir das 13h45, no Hall de Convivência do Centro de Artes e Convenções.

“Filmes históricos no ensino de história”, de Arthur Versiani Machado, procura estabelecer parâmetros metodológicos para que, através do exercício continuado da análise de filmes históricos, os estudantes sejam capazes de adotar uma postura de autonomia intelectual diante dos discursos audiovisuais de conteúdo histórico com os quais se deparam no cotidiano.

“História em movimento: os Cinejornais de Minas Gerais” (Realização Secretaria Municipal de Cultura de Belo Horizonte / Fundação Municipal de Cultura, organizado por Isabel Cristina Felipe Beirigo, analisa o que alguns cinejornais do Museu da Imagem e do Som de Belo Horizonte, do Arquivo Público da Cidade de Belo Horizonte e do Arquivo Público Mineiro oferecem como material analítico para história de Minas e de BH. É também uma tentativa de extrapolar os muros dessas três instituições e oferecer ao público uma pequena amostragem daquilo que compõe seus acervos. 

“Nova História do Cinema Brasileiro I e II”, organizado por Fernão Pessoa Ramos e Sheila Schvarman, traz uma série de textos de pesquisadores e especialistas, traçando um panorama atualizado e detalhado do cinema brasileiro. No primeiro volume, o cinema nacional é analisado desde a década de 1910, passando por cinema mudo, o início do cinema sonoro, a chanchada e o cinema independente carioca dos anos 1930 a 1950 e a função educativa do cinema no governo de Getúlio Vargas, concluindo com um ensaio sobre a Companhia Cinematográfica Vera Cruz, importante estúdio cinematográfico brasileiro na década de 1950. No segundo volume, abrange o cinema nacional do pós-guerra até a contemporaneidade, discorrendo sobre o Cinema Novo, o Cinema Marginal, a Embrafilme, a pornochanchada, a crise e a retomada da produção cinematográfica brasileira a partir do final dos anos 1980 até meados da década de 1990, finalizando com um panorama sobre o cinema experimental, o documentário e as ficções cinematográficas contemporâneas até o ano de 2016.

“Pessoas com necessidades especiais no cinema”, organizado por Margareth Diniz, Mônica Maria FaridRahme, Inês Assunção de Castro Teixeira e José de Sousa Miguel Lopes, é composto por nove textos sobre filmes que abordam a vida de pessoas com deficiência, cujas histórias se contextualizam em diferentes tempos, espaços e culturas. A partir dos sujeitos apresentados nas películas, as autoras e autores resgatam elementos de sua vivência cotidiana, suas resistências, desafios e conquistas.  O livro evidencia a riqueza presente no percurso dos protagonistas retratados nos filmes, que nos encantam com suas reflexões, narrativas e trajetórias.

Em “Ver e Ver Como – Cinema, Filmes e Cineastas Marcantes”, o autor Humberto Pereira da Silva reúne ensaios que tratam do cinema, concebido como arte, e as questões que envolvem cinema e entretenimento. Os textos visam oferecer ao leitor reflexões sobre o sentido das imagens e a educação do olhar. Tratam também do processo de criação de filmes que marcam a história do cinema, assim como de cineastas marcantes, mas que circulam em espaços restritos de cinéfilos, exibidos muitas vezes fora do circuito de exibição comercial.

O convidado espanhol Jorge Larrosa, referência em Educação, fará o lançamento de “Elogio da Escola” , em que apresenta diversos exercícios de pensamento (textos, filmes e exposições), que tentam trazer ao mundo aspectos da escola, do estar na escola, do ordinário da escola, de uma memória escolar em suas atualizações, do chiaroscuro no cotidiano escolar, de tudo o que ainda faz com que a escola exista como lócus para um espaço público e um tempo livre.

EXPOSIÇÃO

De 13 a 18 de junho, período de realização da 13ª CineOP, o público terá a oportunidade de conferir uma exposição preparada especialmente para o evento. Instalada em painéis e estruturas, a exposição apresenta, em imagens, fotos e textos, as Temáticas Preservação,Fronteiras do Patrimônio Audiovisual; História, Vanguarda Tropical: Cinema e Outras Artes; e Educação, Escolas: Memórias do Futuro. Em destaque, a homenageada desta edição, a atriz Maria Gladys. A mostra estará em funcionamento no Hall do Centro de Artes e Convenções (dia 13, a partir das 18h; de 14 a 18 de junho, das 10h às 19h).