Mostra que acontece entre 21 e 26 de junho em Ouro Preto, abrirá com o documentário inédito “Desarquivando Alice Gonzaga” no Cine Vila Rica e contará com presenças internacionais
Entre os dias 21 e 26 de junho, a 12a CineOP – Mostra de Cinema de Ouro Preto volta a fazer da cidade histórica mineira a capital nacional da preservação audiovisual brasileira. A programação intensa e gratuita está estruturada em três temáticas: Preservação, História e Educação e reúne anualmente profissionais do audiovisual, técnicos, pesquisadores, historiadores, acadêmicos, críticos e público interessado para participarem do Encontro Nacional de Arquivos e Acervos Audiovisuais Brasileiros – iniciativa que contribui com elaboração de diretrizes e metas para o setor da preservação no Brasil. A sessão de abertura será na noite do dia 22, quinta, às 20h30, no Cine Vila Rica, com a exibição do documentário Desarquivando Alice Gonzaga, dirigido por Betse de Paula e dedicado à herdeira do estúdio Cinédia.
Na Temática Preservação da 12ª CineOP o foco é colocar em debate a preservação do patrimônio audiovisual digital e o Plano Nacional de Preservação Audiovisual. Sob o título de Emergências Digitais, as discussões propostas buscam dar conta do processo de transformação da cadeia audiovisual com o advento das tecnologias digitais. Pretende-se que o Encontro Nacional de Arquivos e Acervos Audiovisuais Brasileiros, realizado anualmente durante a Mostra, seja um espaço para aprofundar as discussões sobre a preservação digital (tanto dos conteúdos originados digitalmente como dos conteúdos digitalizados) que se entende como urgente.
Para Inês Aisengart e José Quental, curadores da temática Preservação, a lenta resposta de cinematecas e arquivos para as rápidas mudanças tecnológicas de captação e produção está gerando grandes desfalques no patrimônio audiovisual brasileiro. As questões que deverão mobilizar as conversas em encontros e mesas de debate na Mostra vão partir de dúvidas como: os primeiros títulos brasileiros captados exclusivamente em digital, assim como suas campanhas de mídia e a produção crítica em sites e blogs, ainda podem ser acessados? Como conservar todo esse material? Como ficam os recentes registros amadores e de mídia de ativistas de ocupação das escolas em todo o Brasil? E as obras feitas a partir de jogos, aplicativos ou dispositivos móveis?
“O fato é que não conseguimos, nos últimos anos, construir condições para a proteção e para a salvaguarda de grande parte da produção audiovisual brasileira das últimas três décadas, em particular das obras criadas em suportes digitais”, escrevem os curadores. Aisengart e Quental pretendem estimular as discussões de estratégias de preservação e políticas de proteção no universo digital, no intuito de demonstrar como é essencial e urgente tornar esse material cada vez mais visível. “É vital que possamos experienciar, compartilhar, descobrir e redescobrir as obras de nosso patrimônio cinematográfico”, completam.
Os debates propostos vão girar em torno de cinco temas: preservação audiovisual digital; documentos correlatos e valorização de coleções; a experiência latino-americana; midiativismo; e jogos eletrônicos, mídia arte e cinema expandido. Vários profissionais estarão no centro dos debates, com reuniões de trabalho e assembleia geral da Associação Brasileira de Preservação Audiovisual (ABPA), além dos Diálogos da Preservação.
HOMENAGEM – TEMÁTICA PRESERVAÇÃO
O homenageado da Temática Preservação é Antônio Leão da Silva Neto, pesquisador e colecionador paulista – um reconhecimento ao inestimável trabalho que vem desenvolvendo pelo nosso cinema, pela nossa história e memória. É também colaborador de inúmeras restaurações e o maior dicionarista. Autor dos livros Astros e Estrelas do Cinema Brasileiro: Dicionário de Atrizes e Atores, dicionário com 1.400 biografias de artistas brasileiros; Dicionário de Filmes Brasileiros, que lista toda a produção nacional de longa-metragem desde 1908; Dicionário de Filmes Brasileiros: Curta e Média-metragens, com toda a produção nacional nessas categorias desde o ano de 1897, com aproximadamente 18 mil títulos de até 60 minutos de duração; e Dicionário de Fotógrafos do Cinema Brasileiro. Sua obra é um monumento à preservação da informação cinematográfica brasileira.
Leão, nascido em 1957, começou a se interessar pelo cinema brasileiro com filmes de Amacio Mazzaropi. Tornou-se colecionador de películas em 16mm ainda na juventude. Em 1992, em parceria com Archimedes Lombardi, fundou a Associação Brasileira de Colecionadores de Filmes em 16mm, cujo objetivo é catalogar, preservar e exibir filmes raros em sessões gratuitas em São Paulo. Além dos dicionários, Leão também é autor das biografias de Ary Fernandes e Miguel Borges, lançadas pela Coleção Aplauso.
PRESENÇA INTERNACIONAL
Três convidados internacionais marcam presença na 12ª CineOP: Daniela Colleoni, encarregada de documentos da Cinemateca da Universidade do Chile e cofundadora do projeto “Cineteca Virtual” (http://www.cinetecavirtual.cl), um projeto pioneiro que busca dar acesso à parte da coleção da Cineteca da Universidad Católica de Chile.); Andrés Levinson, historiador, professor e coordenador de pesquisa do Museo del Cine Pablo Ducrós Hicken de Buenos Aires e membro da Archivo Regional de Cine Amateur (A.R.C.A), dedicado à preservação, pesquisa e disseminação de material audiovisual não-profissional; e Tzutzumatzin Soto, a chefe do Departamento de Acervo Videográfico e Iconográfico da Cineteca Nacional do México e responsável pela Videoteca Digital Carlos Monsiváis, que disponibiliza mais de 7.000 filmes para consulta em DVD, VHS e Blu-ray.