Cerimônia de encerramento acontece no Teatro Sesiminas, a partir das 19h30; antes, durante todo o dia, acontecem várias pré-estreias nacionais e os últimos filmes da retrospectiva de Pierre Léon

No último dia de programação da 11a CineBH – Mostra de Cinema de Belo Horizonte, nesse domingo (27), serão anunciados os projetos mais bem avaliados do Brasil CineMundi – 8th International Coproduction Meeting. A Mostra CineBH aconteceu pela primeira vez em parceria com a MAX – Minas Gerais Audiovisual Expo, realizada pelo Governo de Minas. A cerimônia acontece no Teatro Sesiminas, a partir das 19h30.

Os 22 projetos em fase de desenvolvimento ou pré-produção, organizados em três categorias (CineMundi, DocBrasil Meeting, Foco Minas) e vindos de Amazonas, Minas Gerais, Paraná, Pernambuco, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro e São Paulo concorrem a vários prêmios. O vencedor leva o Troféu Horizonte, materiais e serviços oferecidos pelas empresas da indústria audiovisual parceiras do evento. Haverá também projetos habilitados a participar de eventos de mercado parceiro: Ventana Sur (Argentina), TorinoFilmLab (Itália), DocMontevideo (Uruguai) e DocSP (Brasil).

Em seguida à premiação, os convidados terão oportunidade de assistir ao Cine Concerto – Edição Especial, com o longa-metragem “O Mágico de Oz” (1939). A novidade é que o filme será acompanhado da execução de trilha sonora executada ao vivo com músicas do álbum “The Dark Side of the Moon” (1973), da banda inglesa Pink Floyd.

Antes da cerimônia de encerramento, porém, a CineBH promove ao longo de domingo diversas sessões de cinema imperdíveis. A retrospectiva do cineasta homenageado, Pierre Léon, se completa com várias exibições: “O Adolescente” (às 14h, no Cine Humberto Mauro), “Guillaume e os Sortilégios” (às 16h, no Cine Humberto Mauro), “Por Exemplo, Electra” (às 16h, no Cine 104), e “O Idiota” (às 17h, no Cine Humberto Mauro).

A Mostra Contemporânea conta com pré-estreias nacionais do libanês “Taste of Cement” (às 18h, no MIS Cine Santa Tereza, do japonês “Bangkok Nites” (às 18h30 no Cine Humberto Mauro) e do português “Luz Obscura” (às 19h30 no Cine 104).

Na mostra A Cidade em Movimento, duas sessões: o documentário “Preto Velho na Lagoinha”, de Célio Dutra, será exibido às 18h, no Cine 104, seguido de uma roda de conversa debate o tema da religiosidade, com a presença do diretor e de Ricardo Moura (guia religioso da Casa de Caridade Pai Jacob do Oriente); e no MIS Cine Santa Tereza, às 16h30, tem uma sessão de curtas-metragens dedicada ao público infantil de filmes também ligados à militância política e social.

PAÍS EM CONVULSÃO

No sábado, penúltimo dia de CineBH em 2017, o encontro entre os professores Ismail Xavier (SP) e Ivana Bentes (RJ) para discutirem os 50 anos de “Terra em Transe” lotou o Cine Humberto Mauro. Durante uma hora e meia, a dupla discorreu sobre os principais aspectos do filme de Glauber Rocha e de sua surpreendente atualidade.

“Não há por onde se imaginar que o ‘Terra em Transe’ seja mais contemporâneo do que hoje”, pontuou Ismail. Numa ampla análise, ele detalhou cenas e construções narrativas do filme, chamando atenção para as alegorias de Glauber em relação às políticas na América Latina. “Toda a tipificação do populismo e do autoritarismo nos países latinos aparece. Ele faz relações diretas com elementos que remontam desde o descobrimento do Brasil em 1500”.

Por sua vez, Ivana Bentes exaltou o frescor da linguagem de Glauber ao mesmo tempo em que a complexidade se mostra um elemento típico da geração do Cinema Novo mas que, hoje, bate como algo ainda renovador. “O filme faz um inventário de tipos dos mais variados e mostra que, apesar do que o senso comum costuma dizer, nem todo mundo na política é igual”.

Ela também fez paralelos de personagens do filme com figuras conhecidas do cenário político brasileiro, apontando a destreza de Glauber em perceber, dentro do contexto de sua época, as várias formas de o poder se perpetuar na contramão dos interesses da população em geral. “É impressionante esse traço que o Glauber faz ligando o começo dos anos 1960 ao nosso 2017”.

Ainda no sábado aconteceram os últimos encontros do Seminário Brasil CineMundi, tendo um dos destaques o Encontro com Programadores de Festivais Internacionais, realizado no Museu de Artes e Ofícios. Os três participantes – Jasmin Basic (Visions du Réel, Suíça), Raul Zambrano (Festival de Amsterdã, Holanda) e Rémi Bonhomme (Semana da Crítica, Cannes) – descreveram o funcionamento de seus respectivos eventos.

Jasmin disse que, no caso do Visions du Réel, dedicado exclusivamente a documentários, a busca é pela originalidade. Ela reconheceu também que cada festival tem uma maneira distinta de pensar o que é ser original. “É claro que vai variar essa percepção, e a sistematização disso depende de cada comissão de seleção e daquilo que se busca”, comentou. Raul Zambrano completou que a importância de descobrir novos filmes é promover suas exibições e discuti-los ainda no momento de exibição.

Os encontros do Brasil CineMundi se encerraram com os painéis dedicados ao CineMart (encontro de projetos de coprodução promovido pelo Festival de Roterdã) e ao Berlinale Talents (programa de capacitação de profissionais do audiovisual realizado anualmente no Festival de Berlim).

* TODA PROGRAMAÇÃO É OFERECIDA GRATUITAMENTE AO PÚBLICO

Foto: Divulgação